Com a proximidade da nova estação, a tendência é de que os dias sejam mais ensolarados e as temperaturas, cada vez mais altas. A chegada do verão em plena pandemia de coronavírus deverá trazer vários desafios. Um deles é o uso obrigatório de máscaras em ambientes públicos em meio a dias tórridos.
A utilização do equipamento de proteção individual (EPI) passou a ser exigida no Brasil no começo de abril, quando o Ministério da Saúde deu a orientação para que a população investisse em modelos feitos de tecido. Ao que tudo indica, não deveremos abandonar o EPI tão cedo. Embora seja desconfortável, principalmente em períodos quentes, as máscaras deverão nos acompanhar verão adentro.
— O que determina o uso não é a temperatura, mas a necessidade de bloqueio de transmissão do vírus — observa Alexandre Zavascki, membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia (SRGI) e professor de infectologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A seguir, confira algumas dicas e informações sobre o uso correto do EPI:
Qual a regra para a troca de máscara?
Para determinar o período ideal de troca, é preciso ficar atento a aspectos como a temperatura e a umidade relativa do ar, que podem interferir na umidade do EPI. Andréa Dal Bó, que também é infectologista da SRGI, reforça que o idea, é trocar a máscara a cada duas ou três horas.
— Quando ficar úmida, a troca deve ser mais frequente — recomenda.
O motivo é que o EPI perde sua eficácia quando está umidificado. Portanto, o ideal é sempre sair de casa com máscaras extras para realizar a troca ao longo do dia, especialmente quando está calor.
Existe um tecido ideal?
Apesar da escassez de estudos sobre qual seria o melhor material, a indicação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é para que as máscaras tenham três camadas: uma externa de tecido não impermeável, outra de tecido respirável no meio e, por fim, uma de algodão junto à face.
— A seda é uma boa opção para fazer duas camadas. Porém, precisa ter outra camada de algodão. Ou, então, pode ser uma malha, seda e algodão — diz Andréa, lembrando que, perto do rosto, sempre deve ser usado o algodão.
Outra opção é o uso de máscaras cirúrgicas:
— Elas são compostas de material leve e apresentam uma excelente proteção — acrescenta Taciana Dal'Forno Dini, coordenadora do Departamento de Laser e Tecnologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e presidente da SBD Regional RS.
Como tirar corretamente a máscara para beber água, por exemplo?
Zavascki lembra que o EPI sempre deve ser retirado pelas alças presas nas orelhas, evitando o contato das mãos com as suas partes interna e externa. Se a pessoa tocar em uma dessas áreas da máscara, o mais indicado é higienizar bem as mãos.
— Uma coisa importante é não deixar a máscara no queixo ou no pescoço, pois são regiões que ficam desprotegidas e podem ter partículas virais de outras pessoas. Ao baixar o EPI, há risco de contaminá-lo e depois levar essas partículas para perto da boca e do nariz ao recolocar a máscara — ensina.
Andréa orienta que, se for preciso ingerir um líquido em ambiente com mais pessoas, se retire apenas uma alça da máscara, segurando-a com uma mão e bebendo com a outra.
— Não pode deixar a máscara pendurada na orelha. Por exemplo: tira o elástico da orelha esquerda, segurando-o com essa mesma mão. Com a (mão) direita, toma água — ilustra.
Lembre-se de manter uma distância de pelo menos dois metros das outras pessoas.
Preciso usar filtro solar mesmo estando de máscara?
Sim. Taciana reforça a importância de usar o produto diariamente, especialmente por pessoas que tratam distúrbios da pigmentação, como o melasma, que têm doenças fotoinduzidas, como o lúpus, que têm pele muito clara, história pessoal ou familiar de câncer de pele ou que apenas queiram prevenir o envelhecimento precoce.
— A prescrição do filtro solar deve ser orientada pelo dermatologista, idealmente. Em geral, as pessoas devem escolher produtos que protejam contra os raios ultravioleta UVA e UVB, e com fator de proteção solar igual a 30 ou maior — explica.
Indivíduos com pele muito oleosa devem dar preferência aos produtos "oil free/control", enquanto aquelas com pele seca podem aderir àqueles mais cremosos, com ativos hidratantes, como o ácido hialurônico.
Máscara no calor pode aumentar problemas de pele?
De acordo com Sylvia Ypiranga, assessora do Departamento de Cosmiatria da SBD, os problemas de pele relacionados ao uso de máscaras podem ocorrer independentemente da temperatura. Ela explica que eles acontecem em razão da oclusão e do acúmulo da secreção sebácea, levando a dermatites e acne, por exemplo.
— Apesar de termos uma maior percepção da oleosidade da pele quando suamos, a produção de sebo não sofre interferência do tempo quente — garante.
Fora a acne e as dermatites, Taciana complementa, o uso diário do EPI também tem aumentado as queixas em relação a foliculite e rosácea.
— Isso pode estar ligado a vários fatores, como a má higiene, uso de máscaras sujas (já utilizadas anteriormente), estresse emocional, oclusão excessiva, entre outros — elenca.
Para evitar esses problemas de pele, é fundamental cuidar a higiene das máscaras e melhorar a limpeza da face. Outra recomendação é não suspender o tratamento prescrito pelo dermatologista, o que pode agravar quadros de dermatoses e acne.