De ilustre desconhecido a novo fenômeno do tênis. Essa foi a distância que o jovem tenista João Fonseca percorreu ao se sagrar campeão do ATP Next Gen neste domingo (22), em Jedá, na Arábia Saudita, ao vencer Learner Tien, dos Estados Unidos.
Vencedor do torneio que reuniu os oito melhores tenistas do mundo até 20 anos, ele agora vem sendo comparado ao espanhol Carlos Alcaraz (número 3 do ranking) e também a Jannik Sinner, líder da lista da ATP. Ambos também faturaram o troféu em edições anteriores.
Ao ser questionado sobre o tema, o carioca não hesitou em comentar a nova realidade. Apesar de se sentir estimulado pela expectativa que criou na imprensa e nos torcedores, ele logo impôs um limite.
— Quero só ser o João e fazer a minha carreira — afirmou.
Impactado com a conquista, o atleta de 18 anos e quatro meses colocou a questão da comparação com uma cultura nacional.
— Aqui (no Brasil), todo jovem que atinge coisas grandes, logo é colocado como promessa. Quero jogar o meu tênis, viver o esporte e continuar a minha rotina. Essas comparações inúteis (com os atletas que venceram o Next Gen), de vencer um torneio com 18 anos e alguns meses, não passam pela minha cabeça. Cada atleta tem o seu tempo — complementou.
Fonseca, no entanto, vê também pontos positivos no fato de estimular nas pessoas essas expectativas de chegar entre os melhores.
— Se eles fizeram uma trajetória como essa, por que eu não posso fazer também? — questionou.
Com o foco centrado em se tornar um dos grandes tenistas do circuito mundial, Fonseca comentou o divisor de águas que o fez colocar o esporte como prioridade: a sua participação no Rio Open. Jogando em casa, diante de sua torcida, ele venceu duas partidas e foi às quartas de final do ATP 500. Por conta da sua convicção e também das atuações que teve, o jovem tenista abdicou da faculdade para ser um atleta de alto nível.
— Coisas acontecem. Conversei com meus pais e abdiquei de uma faculdade. Sei que ia aprender coisas muito boas lá, mas não me arrependo de optar pela carreira esportiva —comentou.
Apesar da curta trajetória, Fonseca já tem marcas importantes. Nascido em 2006, no Rio de Janeiro, e atual 145 do mundo, ele foi campeão do US Open juvenil no ano passado. Além disso, termina o ano como o primeiro sul-americano a vencer um ATP Next Gen.
O que virá daqui para frente, o próprio Fonseca não faz muita questão de saber. Por enquanto, o que ele quer é treinar e ir conquistar seu espaço do jeito que mais gosta: em uma quadra de tênis.