O Reino Unido foi o primeiro país do mundo a autorizar o uso do antiviral molnupiravir para o tratamento da covid-19. Desenvolvido pelo laboratório norte-americano Merck Sharp & Dohme (MSD), o remédio pode reduzir em cerca de 50% o risco de hospitalizações e mortes pela doença, conforme resultados de testes clínicos desenvolvidos pela farmacêutica.
O uso do molnupiravir tem duas funções: tanto para evitar que os infectados sofram sintomas graves, como para evitar que as pessoas que tiveram contato com o paciente desenvolvam a doença.
Apesar da aprovação no Reino Unido, a farmacêutica ainda aguarda aprovação da FDA (Administração de Comidas e Remédios, a Anvisa norte-americana para uso emergencial nos EUA e aval da Agência Europeia de Medicamentos que iniciou avaliação do antiviral no último dia 25 de outubro.
Abaixo, veja perguntas e respostas sobre o antiviral molnupiravir.
O que é o medicamento molnupiravir?
É um remédio antiviral da farmacêutica Merck, em parceria com a empresa Ridgeback Biotherapeutics. A pílula é tida como uma das alternativas para tratar a infecção pelo coronavírus.
De que maneira ele vai ser usado para tratar a covid?
O tratamento é feito via oral, por meio de pílulas, logo no início da infecção. O uso é orientado para pacientes com casos leves e moderados para que não desenvolvam a forma grave da doença. No corpo, a substância age de maneira a inibir a replicação do vírus no organismo.
No Reino Unido, primeiro país a autorizar o uso do medicamento, o molnupiravir foi autorizado para as pessoas que sofrem de covid-19 leve ou moderada ou que apresentem ao menos um fator de risco de desenvolver a forma grave da doença, como obesidade, idade superior a 60 anos, diabetes ou doenças cardíacas.
Quais os resultados dos testes?
No início de outubro, quando a empresa divulgou os resultados dos testes clínicos, ficou demonstrado que o medicamento tem eficácia de 50% na redução do risco de hospitalização ou morte em pacientes adultos não hospitalizados com covid-19. O Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS), em Bento Gonçalves fez parte deste estudo e comemorou a eficácia do antiviral. Não houve registro de mortes entre os pacientes que receberam a substância testada.
O medicamento é eficaz contra variantes?
As primeiras informações indicam que sim. Isto porque o molnupiravir não tem como objetivo atingir a proteína spike do vírus, ou seja, o que define as diferenças entre variantes, se mostrando eficaz, ainda que ocorra uma evolução do vírus, como o sucessivo aparecimento de variantes no mundo. Para interromper a replicação no organismo, o medicamento foi projetado para produzir erros no código genético do vírus, o que impede a proliferação.
O molnupiravir será vendido em farmácias?
Ainda não. Como continua em testes, apesar de já aprovado no Reino Unido, não há previsão de comercialização. As aplicações têm ocorrido em ambiente controlado com suporte de especialistas.
O molnupiravir será usado no Brasil?
A Merck já fez testes no Brasil com o medicamento (inclusive, conduz um atualmente para conferir a eficácia em pessoas expostas à covid, mas que estão assintomáticas ou que ainda não desenvolveram a doença), mas ainda não indicou se pedirá aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Há outros remédios para tratar a covid-19?
A Pfizer está testando um medicamento para tratar a doença, inclusive com braço no Rio Grande do Sul. O objetivo deste remédio da farmacêutica é prevenir a contaminação pela infecção em indivíduos expostos ao vírus. O estudo leva em consideração uma dose baixa de ritnovir, uma droga já usada no tratamento do HIV.
O Brasil já tem remédios aprovados?
Sim, os medicamentos remdesivir, banlanivimabe e etesevimabe (usados em conjunto), casirivimabe e imdevimabe (usados em conjunto), regdanvimabe e o sotrovimabe já foram aprovados pela Anvisa. No entanto, são caros e apresentam dificuldades para serem administrados, já que seu uso está restrito ao ambiente hospitalar.