A farmacêutica Merck Sharp & Dohme (MSD) está realizando, em diferentes Estados do Brasil e em outros países, um estudo clínico de fase 3 para avaliar se o medicamento antiviral Molnupiravir é capaz de evitar a propagação e transmissão da covid-19 entre pessoas que foram expostas ao vírus por morarem na mesma casa que alguém cujo diagnóstico da doença foi confirmado há 72 horas. O remédio é administrado como profilaxia pós-exposição (PEP), em comprimidos ingeridos oralmente duas vezes ao dia, ao longo de cinco dias. A tecnologia atuará tentando impedir a replicação do vírus dentro do organismo humano que ocorre nos primeiros dias de infecção pelo coronavírus.
Segundo a diretora de pesquisa clínica da MSD Brasil, um centro de pesquisa de Ijuí, na região noroeste do Rio Grande do Sul, integra oficialmente a listas dos sete centros participantes no país. Trata-se de um estudo, realizado desde 6 de outubro, que trará informações complementares às obtidas com outra pesquisa realizada com o Molnupiravir, a qual empregou o medicamento em pacientes com diagnóstico positivo para a doença e estavam nos primeiros cinco dias de sintomas.
No início de outubro, quando a empresa divulgou os resultados dos testes clínicos, ficou demonstrado que o medicamento tem eficácia de 50% na redução do risco de hospitalização ou morte em pacientes adultos não hospitalizados com covid-19. O Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS), em Bento Gonçalves fez parte deste estudo e comemorou a eficácia do antiviral. O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar o uso do medicamento no tratamento contra a covid-19.
— O objetivo é avaliar se esse antiviral, que já comprovou sua eficácia no tratamento experimental, será eficaz na prevenção da transmissão do coronavírus. O que estamos avaliando é se o Molnupiravir tem a capacidade de diminuir a replicação do vírus em uma pessoa que foi exposta, mas ainda não está doente. A medicação quer evitar que o vírus faça estragos em alguém que teve contato com ele — afirma Glaucimar Baságlia Michetti, diretora de Pesquisa Clínica da MSD Brasil.
No mundo, um total de 1,3 mil pessoas serão avaliadas pelo estudo. As inscrições já estão abertas no site da MSD para Manaus, no Amazonas, Curitiba, no Paraná, São José do Rio Preto, em São Paulo e nas capitais paulista e carioca. No RS, o estudo será feito em Ijuí, na Oncosite Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia LTDA, mas as inscrições para participar do ensaio neste local ainda não estão abertas, cenário que deve mudar até o final do mês.
Candidatura
Para participar, é necessário preencher as etapas de um formulário online disponível no site. O estudo é para um perfil restrito de candidatos, por isso, se o indivíduo não tiver os critérios necessários, o site automaticamente recusa a participação. Para se inscrever, o interessado deve ser maior de 18 anos, não ter recebido vacina contra a covid-19 ou tê-la recebido dentro dos últimos seis dias.
— É um grande desafio fazer esse estudo em um mundo que já está com boa parte da população vacinada. Mas sabemos que existe uma porcentagem que ainda não se vacinou e esperamos recrutá-las. Queremos estudar pacientes não vacinados para que, caso a eficácia do medicamento se confirme, saibamos que foi propriamente por causa do nosso antiviral e não por outros fatores — afirma Glaucimar.
Outros requisitos para participação são morar com uma pessoa sintomática, que não esteja hospitalizada e que tenha sido diagnosticada com covid-19 nas últimas 72 horas.
— Realizar pesquisa clínica no Brasil é importante não só por fornecer às pessoas o acesso ao medicamento durante o estudo, mas para comprovarmos que funciona na nossa população específica — afirma Marcia Datz Abadi, diretora médica da MSD.