Com o avanço da vacinação e a forte adesão dos brasileiros à campanha de imunização, o Brasil registrou em setembro 16.336 mortes por covid-19, o menor número do ano e 32% a menos do que no mês anterior, mostram estatísticas do Ministério da Saúde analisadas por GZH nesta sexta-feira (1º).
Em abril, o mês mais letal a nível nacional, o Brasil testemunhou a partida de 82.266 pessoas por conta da covid-19. Os dados mostram que o número de vítimas começou a cair de forma consistente a partir de junho, quando a vacinação começou a engrenar no país.
Nesta sexta-feira, o país chega a quase 70% de todos os brasileiros com uma dose da vacina contra a covid-19 e 43% com esquema vacinal completo. Cerca de 0,5% da população recebeu a terceira dose, mostram dados do Portal Covid-19 no Brasil.
O maior controle da epidemia também se expressa no Rio Grande do Sul, um dos Estados líderes de vacinação e com um dos menores índices de atraso para a segunda dose. Setembro terminou com 661 vítimas da covid-19, 24% a menos do que no mês anterior. O mês mais letal da epidemia gaúcha fora março, com 7.344 mortes.
Porto Alegre, uma das capitais com maior cobertura vacinal, registrou em setembro 131 mortes, 19% abaixo de agosto. O ápice de vítimas fora também em março, com 1.436 vítimas perdidas.
Ainda há espaço para a vacinação avançar, dizem especialistas
Virologista e infectologistas ouvidos por GZH destacam que a vacinação, o histórico de pessoas já infectadas — com grau de imunidade de curta duração — e a manutenção das restrições, sobretudo, do distanciamento e do uso de máscaras, estão ajudando a reduzir os números.
Para o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, estamos vivenciando um efeito importante da vacinação. Ele acrescenta também que uma parte da população adquiriu imunidade com um custo muito alto: o surto de covid-19 no primeiro semestre. Quanto à questão de evoluir para a retirada de máscara ou, como em outros Estados, abolir a máscara e usar testagem e passaporte vacinal, Spilki ainda considera inadequado mudar o hábito.
— As vacinas não têm, como principal característica, o bloqueio de transmissão. Mesmo indivíduos vacinados transmitem. Ainda há um contingente de pessoas não vacinadas, ainda temos pessoas que foram vacinadas há mais tempo e não receberam dose de reforço e podem estar com a imunidade mais baixa. As pessoas vacinadas transmitem menos, mas esporadicamente transmitem — afirma.
O médico Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), acredita que os números já considerados positivos deverão seguir melhorando nas próximas semanas.
— Estes dados são o esperado para uma população de vacinados e que continua mantendo medidas de distanciamento e sem ter aberto tudo por completo, como ocorreu em outros países — afirma.
Pasqualotto reforça que ainda há espaço para a vacinação avançar, principalmente, na direção das crianças e dos adultos que não se vacinaram. E avançando, completa, a tendência é que os números da covid-19 sigam em queda.
De acordo com o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, independentemente de os números da covid-19 estarem apresentando queda, é preciso manter cuidados como distanciamento e uso de máscara constantemente.
— Quando relaxamos nas medidas de proteção individual, surgem novos casos. Aumentando o número de casos, podem surgir novas variantes mais resistentes. Por isso, quanto maior for o tempo que estivermos protegidos pela máscara, menor será a chance de ocorrer um novo caso ou nova variante — justifica o médico.
Sprinz faz questão de reafirmar que a vacina tem o poder de curar a pandemia. Ele explica que quanto mais rapidamente vacinarmos a população, incluindo a terceira dose, maior será o controle da mortalidade causada pela infecção. Para ele, já é possível celebrar o controle da infecção para casos graves. O próximo passo, segundo ele, é controlar a pandemia em si.
— Em qual patamar ficaremos no controle da doença? Isso dependerá de quão rápido (surgirão) e quão melhores serão as próximas vacinas. Ainda não temos uma vacina 100% efetiva. Ainda estamos longe de eliminarmos a doença porque, para isso, é preciso quase uma inexistência de novos casos — finaliza.