Um estudo feito com mais de 10,1 milhões de pessoas no Chile mostrou que a vacina contra a covid-19 CoronaVac tem bons índices de efetividade, ou seja, quando ela é avaliada fora dos estudos, no “mundo real”. Os resultados do trabalho, feito entre 2 de fevereiro e 1º de maio, foram publicados nesta quinta-feira (2) no The New England Journal of Medicine. Os dados mostram que o imunizante agiu na prevenção da doença, da hospitalização, da necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e das mortes.
Em pessoas com o esquema vacinal completo, isto é, com as duas doses aplicadas, a CoronaVac se mostrou 65,9% efetiva. No mesmo grupo, o índice de prevenção de hospitalização foi de 87,5%, de admissão em UTI, de 90,3%, e de morte relacionada à covid-19, de 86,3%.
Para chegar aos resultados, foram incluídos 10.187.720 participantes, divididos em três grupos: completamente vacinados (com duas doses), parcialmente vacinados (com uma dose) e não vacinados.
No grupo parcialmente imunizado, os pesquisadores notaram que a efetividade se deu da seguinte maneira: 15,5% na prevenção de casos, 37,4% na prevenção de hospitalização, 44,7% para prevenir internação em UTI e 45,7% para prevenir mortes. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, a prevenção foi de 66,6% para a doença, 85,3% para prevenir hospitalização, 89,2% para ingresso em UTI e 86,5% para óbito.
Diante dessas informações, os autores concluem que a efetividade da CoronaVac é alta em todos os aspectos analisados, ressaltando o potencial do imunizante como ferramenta para salvar vidas e reduzir os casos graves, tirando a sobrecarga do sistema de saúde.
"Nosso estudo tem, pelo menos, três pontos fortes. Primeiro, usamos um rico conjunto de dados administrativos de saúde, associados aos dados de um sistema integrado de vacinação para a população total e do Ministério da Saúde (...) que cobre cerca de 80% da população chilena. (...) Segundo, as informações foram coletadas durante a uma campanha de vacinação rápida e com alta aceitação e durante um período com maior taxa de transmissão do vírus na comunidade. (...). Por fim, o Chile tem as taxas mais altas de testagem da América Latina, acesso universal à saúde e um sistema de relatório público padronizado para estatísticas vitais, que limitou o número de casos e mortes não detectados ou não averiguados", escreveram.
Ainda que tenha limitações, o estudo traz resultados que corroboram com o que já foi observado no aqui no Brasil, onde houve uma redução nos casos da doença após o início da campanha de vacinação.