O presidente Jair Bolsonaro disse que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prepara um parecer para desobrigar o uso de máscara para quem já se vacinou contra a covid-19 ou já foi infectado. A declaração foi dada nesta quinta-feira (10), em um evento em Brasília. Durante sua fala, ele foi aplaudido pelos participantes da cerimônia.
— Acabei de conversar com o (ministro da Saúde) Queiroga e ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que já foram vacinados ou que já foram contaminados, para tirar essa... Esse símbolo que, obviamente, tem a sua utilidade, para quem está infectado — anunciou o presidente.
Bolsonaro foi criticado diversas vezes ao longo da pandemia por circular sem máscara mesmo em eventos públicos. Avesso também ao distanciamento social, ele disse, no mesmo pronunciamento, que a quarentena é somente para quem está infectado pelo vírus, não para todo mundo:
— Isso destrói empregos, mata de outra forma o cidadão.
Mais tarde, Queiroga disse que realizará um estudo para analisar se o uso de máscara pode ser desobrigado para pessoas vacinadas contra covid-19 ou que já tenham contraído o vírus. Também afirmou que a retirada da proteção, já autorizada em alguns países, depende do ritmo da imunização da população.
O ministro se diz a favor da máscara e do distanciamento social como forma de prevenção da covid-19. Durante seu segundo depoimento à CPI da Covid, ele disse que já alertou o presidente para os cuidados em relação às duas medidas.
O que diz a OMS
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que, no atual contexto de grande circulação da covid-19 em muitos países, mesmo os vacinados contra o vírus devem manter os cuidados recomendados, como uso de máscaras e distanciamento social. Diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Biológicos da OMS, Kate O'Brien, lembrou que nenhuma das vacinas disponíveis é 100% eficaz.
Além disso, ela comentou que os vacinados podem desenvolver apenas casos leves da doença, mas ainda assim contaminar outras pessoas:
— Não sabemos o quanto as vacinas protegem da infecção contra a covid-19.
O'Brien advertiu que, quanto mais o vírus circular, maior o risco de surgirem cepas resistentes a alguma vacina.