A máscara de proteção respiratória tornou-se um dos principais símbolos da pandemia de covid-19 – acessório de proteção que virou uma constante para a população mundial em 2020 e também em 2021. Antes utilizada cotidianamente apenas em alguns países asiáticos, o que era visto com curiosidade por cidadãos de outros países, a máscara agora é utilizada em todo o mundo, consagrando-se como uma importante medida na contenção da disseminação do coronavírus.
Apesar de estarem no rosto de todos, ou pelo menos da maioria prudente da população, muitas pessoas ainda não sabem que existem diversos tipos diferentes de máscaras e que cada um deles deve ser utilizado em ocasiões específicas.
Nas últimas semanas, países da Europa têm recomendado ou até exigido da população o uso de máscaras profissionais, como os padrões N95 ou PFF-2, dado o grau de proteção mais elevado. Para especialistas, a recomendação também deveria ser seguida no Brasil — o problema é que por aqui, devido ao custo mais elevado na comparação com as de pano, por exemplo, uma parcela significativa da população não deve conseguir bancar os modelos.
Eles reforçam, ainda, que as máscaras de pano ainda são muito importantes no combate à pandemia, mas que é preciso atentar para alguns critérios mínimos de qualidade no uso desse tipo de proteção.
Máscaras: fundamentais na prevenção
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS) apontou o papel do uso de máscaras e do distanciamento social na prevenção contra a covid-19. Os resultados sugerem que o uso de máscaras reduz em 87% a chance de ser infectado pelo SARS-CoV-2.
Além disso, o estudo conclui que pessoas que aderem moderada a intensamente ao distanciamento social têm entre 59% e 75% menos chances de contrair o coronavírus.
Enquanto não temos vacina para todos, precisamos manter o distanciamento social e uso de máscara em todas as situações
MARCELO GONÇALVES
Professor da Faculdade de Medicina da UFRGS
Um dos pesquisadores que integra o estudo, o professor da Faculdade de Medicina da UFRGS Bruce Duncan afirma que, ancorado nos dados, é possível dizer que essas medidas têm um papel importante na prevenção da doença. A adesão moderada ou alta ao distanciamento social foram fortemente protetivas contra a doença, representando um risco 72% e 75% menor, respectivamente. O uso da máscara foi associado a um risco 87% menor de contrair o vírus.
Outro pesquisador do grupo, o professor da Faculdade de Medicina da UFRGS Marcelo Gonçalves destaca que adotar as medidas de distanciamento social e utilização de máscara sempre que estiver fora de casa tornou-se fundamental.
— Não fazer isto é manter uma marcha para o colapso completo do sistema de saúde, com um aumento no número de mortes sem precedentes. Enquanto não temos vacina para todos, precisamos manter o distanciamento social e uso de máscara em todas as situações — complementa.
O Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à Pandemia do governo do Estado recomenda manter distanciamento mínimo de dois metros e dar preferência a ambientes ao ar livre ou bem ventilados.
Entenda os tipos de máscaras respiratórias
Máscaras de tecido
São aquelas produzidas artesanalmente em casas ou confecções com materiais não médicos, como tecido, malha ou retalhos. É o tipo mais visto nas ruas, variando muito em forma, cor, material e estilo. Elas podem ser lavadas e reutilizadas pela população e são aliadas importantes no combate à pandemia.
Máscara cirúrgica
Produzida industrialmente com materiais específicos e descartáveis, a máscara cirúrgica é normalmente utilizada por profissionais de saúde durante procedimentos. Ela apresenta como diferenciais um material que filtra partículas menores que os tecidos comuns.
Máscara N95
Também são produzidas em nível industrial para profissionais de saúde. Elas buscam oferecer a melhor proteção contra aerossóis, as menores partículas respiratórias possíveis para a transmissão dos vírus. Durante procedimentos médicos, como entubações, elas são eliminadas em grande quantidade. Por isso, é necessária essa proteção maior.
Para isso, elas têm várias camadas de diversos materiais, além de serem muito anatômicas, de modo a minimizar ao máximo os espaços por onde o ar poderia passar sem ser filtrado. Elas são as mais caras de serem produzidas.
Respiradores
Os respiradores são equipamentos de proteção individual (EPIs) que cobrem o nariz e a boca, proporcionando uma vedação adequada sobre a face do usuário. Os respiradores, além de reter gotículas, protegem contra aerossóis contendo vírus, bactérias e fungos, a depender de sua classificação.
Máscaras com válvula
Esse tipo de máscara não é recomendado porque protege o próprio usuário, mas não as outras pessoas. O equipamento filtra as partículas do ar externo quando a pessoa inspira, mas permite que as partículas escapem pela válvula quando ela expira. No entanto, nas máscaras com válvula, um grande número de gotas passa pela válvula sem filtro, o que a torna ineficaz para impedir a propagação do vírus da covid-19 se a pessoa que usa a máscara estiver infectada.
Teste a qualidade da máscara de pano
Especialistas recomendam fazer dois testes simples:
- O primeiro envolve observar a máscara contra a luz: se for possível enxergar do outro lado através da malha, é melhor procurar outra máscara.
- O outro teste pode ser feito com uma vela acesa: se, ao assoprar, a vela apagar, é preciso trocar a máscara porque ela já perdeu a capacidade de filtrar o ar.