O Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems/RS) pretende definir nos próximos dias, por meio de uma reunião extraordinária da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), as regras sobre o início da vacinação de pessoas fora dos grupos prioritários no Rio Grande do Sul.
O encontro reunirá representantes de prefeituras e do governo estadual para discutir a nota técnica do Ministério da Saúde, divulgada no final da manhã desta sexta-feira (28), com novas orientações para a campanha contra o coronavírus que permite beneficiar pessoas por faixa etária independentemente de outros critérios.
— Deveremos marcar uma reunião extraordinária da CIB até segunda-feira (31). Há uma orientação maior do Ministério da Saúde, a partir de solicitações dos municípios, que deverá ser respeitada nos Estados — afirma o presidente do Cosems/RS, Maicon Lemos.
Lemos participou da reunião de quinta (27) em que o Ministério da Saúde concordou com pedidos feitos por prefeituras de todo o país para ampliar o leque do público-alvo e permitir que pessoas sem comorbidades ou que não se enquadrem nas demais limitações dos perfis prioritários comecem a receber doses.
— Houve manifestação de muitos gestores de que, no grupo das comorbidades, por exemplo, se notou uma procura muito menor do que a projetada pelo próprio Ministério da Saúde. Assim, ao iniciar a vacinação para todas as pessoas, em ordem decrescente, abaixo dos 60 anos, vamos atender também muitas pessoas que têm comorbidades, como hipertensão, mas que acabaram não indo se vacinar — analisa Lemos.
A estratégia é seguir a ordem original do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 (PNO) até o 19º grupo prioritário — correspondente aos trabalhadores do Ensino Superior, que concluem o perfil dos profissionais da educação.
A partir daí, quando começam a ser beneficiados outros grupos como forças de segurança (que já iniciaram imunização antecipadamente no caso de quem atua diretamente no combate à covid), trabalhadores de transporte e caminhoneiros, entre outros, a ideia é estabelecer uma segunda fila de vacinação.
— Após o grupo dos professores, que já estão sendo vacinados em várias cidades, parte das vacinas seguiria atendendo por ordem as demais prioridades, mas uma outra parte deve ir para a vacinação das pessoas em geral, por ordem decrescente de idade — revela Lemos.
Porém, segundo a nota técnica federal, "Estados e Municípios que não apresentam demanda ou tenham demanda diminuída para vacinação dos grupos com maior vulnerabilidade e trabalhadores de educação" poderão pactuar na CIB a "adoção imediata" da divisão das vacinas para atender a população em geral. Ou seja, se houver disponibilidade de imunizantes (oferta superior à demanda), será possível estabelecer essa segunda fila a qualquer momento.
Segundo a estimativa populacional para 2019 do Departamento de Economia e Estatística (DEE), o Rio Grande do Sul conta com 730.321 pessoas na faixa entre 55 e 59 anos, que estaria entre as primeiras a serem atendidas pelas novas normas (parte desse universo pode já ter sido vacinada nos grupos prioritários).
Essa fatia corresponde a cerca de 23% das 3 milhões de pessoas que já foram beneficiadas com pelo menos uma dose no Estado. Embora seja uma parcela bastante numerosa, Maicon Lemos, que também responde pela pasta da saúde no município de Canoas, acredita que o avanço da campanha de imunização por idade não deverá ser tão vagaroso:
— Esperamos um aumento significativo na disponibilidade de vacinas nos próximos meses.
Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde comunicou que se manifestaria sobre o impacto da mudança de estratégia no Rio Grande do Sul quando dispusesse de mais informações.