O Rio Grande do Sul vai dar início a uma nova etapa do programa de imunização contra o coronavírus que inclui o grupo mais numeroso entre aqueles considerados prioritários: cerca de 1,150 milhão de pessoas com algum tipo de comorbidade, além das gestantes e puérperas — incluídas posteriormente no plano nacional de vacinação.
O Plano Estadual de Vacinação já contempla as 22 categorias definidas pelo Ministério da Saúde de problemas crônicos de saúde (veja lista completa abaixo) que garantem lugar à frente na fila como diabetes, complicações cardíacas, pulmonares ou obesidade mórbida, entre outros. Recentemente, grávidas e puérperas (que deram à luz há menos de 45 dias) foram acrescentadas a esse grupo prioritário, mesmo que não apresentem quaisquer dos comprometimentos de saúde listados.
Para comprovar o direito às doses, o governo estadual recomenda aos municípios exigir documentos como laudo médico, exames e prescrição, ou utilizar um eventual cadastro do paciente nas unidades de saúde.
— O primeiro documento a ser utilizado seria um laudo, no qual o médico diz que, conforme exames demonstrativos e prescrição, (o paciente) tem uma determinada patologia. Que é, por exemplo, cardiopata ou diabético. O receituário médico pode ser usado junto com o laudo para comprovar a comorbidade — orienta o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems/RS), Maicon Lemos)
O Estado está finalizando a imunização dos idosos. Os municípios que já contemplaram todos aqueles com 60 anos ou mais já poderão passar à fase seguinte. O Ministério da Saúde dividiu o cronograma do próximo grupo de beneficiados em duas fases. Na primeira, serão contemplados os seguintes casos:
- Pessoas com síndrome de down maiores de 18 anos.
- Pacientes de doenças renais que fazem tratamento por diálise maiores de 18 anos.
- Gestante e puérperas (passaram há menos de 45 dias pelo parto) com alguma comorbidade, maiores de 18 anos.
- Pessoas com 55 a 59 anos com comorbidades.
- Pessoas com deficiência permanente cadastradas no programa de Benefício de Prestação Continuada (BPC) de 55 a 59 anos.
Na segunda fase, será aberta a vacinação para as demais pessoas com 22 tipos diferentes de comorbidades — incluindo aquelas com deficiência permanente cadastradas no BPC, gestantes e puérperas mesmo sem condições pré-existentes — divididas por idade, assim como ocorre atualmente no grupo dos idosos.
Assim, seriam visados primeiro aqueles com 59 anos (uma vez que as pessoas acima disso, em tese, já teriam sido atendidas), depois com 58 e assim por diante. Os últimos detalhes do processo deverão ser definidos em uma reunião agendada para as 16h desta quinta-feira (29).
O universo superior a 1 milhão de pessoas com comorbidade é a categoria mais numerosa entre as prioritárias de vacinação. Como os idosos são divididos em diferentes faixas e datas de aplicação, os gaúchos entre 60 e 64 anos formam o segundo grupo mais extenso, com 644 mil indivíduos. Todas as formas de prioridade, que incluem ainda classes profissionais como trabalhadores de educação, saúde e segurança, somam 5 milhões de pessoas.
Confira, a seguir, um resumo do que se sabe até o momento sobre como deverá funcionar a vacinação por comorbidade no Estado — uma das questões mais enviadas por leitores via redes sociais para GZH nos últimos dias.
Como será a vacinação das pessoas com comorbidade
Quando vai começar
Assim que os municípios forem encerrando a vacinação dos idosos, poderão dar início ao atendimento das pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas. Uma reunião nesta quinta-feira (29) vai detalhar os procedimentos e regras.
Como comprovar a comorbidade
A mais recente atualização do Plano Estadual de Vacinação incluiu uma orientação aos municípios, responsáveis por aplicar as vacinas, para que exijam “documento que demonstre pertencer a um destes grupos de risco (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica etc.)". O Cosems/RS destaca a importância de apresentar laudo assinado por médico atestando a condição. Mas também poderão ser utilizados "cadastros já existentes dentro das Unidades de Saúde”, quando a pessoa já é atendida e acompanhada pela rede pública.
Quais as comorbidades previstas
A lista a seguir traz definições resumidas para 22 categorias (sem contar gestantes e puérperas). A íntegra pode ser consultada no Plano Estadual de Vacinação. Algumas definições envolvem conceitos técnicos que podem ser esclarecidos diretamente com seu médico.
Diabetes: pessoas com diabetes mellitus
Pneumopatias crônicas graves: inclui doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave (uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática).
Hipertensão Arterial Resistente (HAR): quando a pressão arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou pressão arterial controlada com uso de quatro ou mais anti-hipertensivos.
Hipertensão arterial estágio 3: pressão arterial sistólica igual ou maior a 180 e/ou diastólica igual ou superior a 110, independentemente da presença de lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) ou comorbidade.
Hipertensão arterial estágios 1 e 2: com lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) e/ou comorbidade. Pressão sistólica entre 140 e 179 e/ou diastólica entre 90 e 109 na presença de lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade.
Insuficiência cardíaca: insuficiência com fração de ejeção (capacidade de bombeamento do coração) reduzida, intermediária ou preservada; em estágios B, C ou D, independentemente de classe funcional da New York Heart Association.
Cor-pulmonale e Hipertensão pulmonar: cor-pulmonale crônico (problema no ventrículo direito que resulta em distúrbio pulmonar), hipertensão pulmonar primária ou secundária.
Cardiopatia hipertensiva: hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins).
Síndromes coronarianas: síndromes crônicas como Angina Pectoris (estreitamento das artérias que levam sangue ao coração) estável, cardiopatia isquêmica, pós-infarto agudo do miocárdio, entre outras.
Valvopatias: lesões de válvula cardíaca com repercussão na circulação do sangue, sintomática ou com comprometimento miocárdico.
Miocardiopatias e pericardiopatias: de quaisquer causas ou fenótipos; pericardite crônica; cardiopatia reumática.
Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas: aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos.
Arritmias cardíacas: com relevância clínica e/ou cardiopatia associada.
Cardiopatia congênita no adulto: com repercussão na circulação do sangue, crises hipoxêmicas (pouco oxigenação), insuficiência cardíaca, arritmias, comprometimento miocárdico.
Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados: portadores de próteses de válvula biológicas ou mecânicas; dispositivos cardíacos implantados (marcapasso, cardiodesfibrilador, ressincronizador, assistência circulatória de média ou longa permanência).
Doença cerebrovascular: acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular.
Doença renal crônica: estágio 3 ou mais e/ou síndrome nefrótica (conjunto de sinais que caracterizam uma doença renal e evolução crônica).
Imunossuprimidos: transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente superior a 10 mg ao dia ou recebendo pulsoterapia com corticoide e/ou ciclofosfamida; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses; neoplasias hematológicas.
Anemia falciforme: todas as pessoas com a doença.
Obesidade mórbida: índice de massa corpórea (IMC) igual ou superior a 40.
Síndrome de down: trissomia do cromossomo 21.
Cirrose hepática: Child-Pugh (tipo de escore de classificação) A, B ou C.
Esclareça dúvidas sobre a imunização contra a covid-19 no FAQ da Vacinação