FAQ da vacinação

Quem se infectou deve ser vacinado? As duas doses estão garantidas? Veja respostas a dúvidas de leitores sobre a vacinação

Para ajudar a esclarecer questões relacionadas à vacinação contra a covid-19 no Brasil, GZH abriu um canal de comunicação em que usuários podem encaminhar perguntas sobre o processo de imunização com as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o momento. As respostas são de médicos especializados no tema e dos órgãos responsáveis pela aplicação. Estamos conferindo todas as dúvidas enviadas e buscando as respostas. Em breve, teremos novas atualizações.

Marcas de vacinas

Posso escolher qual a vacina que eu quero tomar?

Lucas Eduardo Carvalho, de Lajeado

Não. O Brasil tem, no momento, vacinas de Oxford e CoronaVac, que são distribuídas por lotes aos Estados e municípios. A pessoa toma aquela que estiver disponível naquele momento em seu posto de saúde. Para a segunda dose, deve tomar a mesma que tomou na primeira.

Qual vacina é melhor: Oxford/AstraZeneca ou CoronaVac?

É importante não traçar comparação entre as duas vacinas em uso no Brasil, pois ambas foram testadas e aprovadas para aplicação, ainda que com variações nos resultados, fruto das diferenças nas populações onde ocorreram os testes, nas epidemiologias e nas faixas etárias em que foram aplicadas. Mônica acrescenta que o perfil dos voluntários incluídos e os critérios para investigação de infecção por coronavírus nos dois estudos foi diferente. A CoronaVac teve participação apenas de profissionais da saúde, atuantes na linha de frente da pandemia. Isso significa que estavam em maior e constante exposição ao vírus. Por outro lado, Oxford aplicou as doses em uma população que não obrigatoriamente estava exposta ao coronavírus.

— E os critérios para investigação de infecção foram muito diferentes. Poucos sintomas estavam incluídos na de Oxford, enquanto outros sinais, como dor de cabeça e diarreia foram motivo para testagem no estudo da CoronaVac. Ou seja, a CoronaVac foi capaz de detectar formas muito leves da doença — destaca a diretora da SBIm.

Outra comparação que não deve ser feita é das vacinas aplicadas no Brasil com outras que já estão sendo administradas no Exterior, como Pfizer e Moderna. Mônica destaca que todas as vacinas que foram licenciadas até agora no mundo estão mostrando bons resultados, inibindo casos graves, internações e mortes.

Minha mãe tomou a primeira dose da vacina CoronaVac. A segunda dose deve ser a mesma? Ou não terá problemas se derem a da Fiocruz?

Renata Tega, Florianópolis

Leonardo Weissmann, médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia: Oi, Renata! Se a sua mãe tomou a primeira dose da vacina CoronaVac, ela deverá tomar a segunda dose da mesma vacina depois de 21 a 28 dias. Não se recomenda completar o esquema com outra vacina. Não há estudos com dados sobre pacientes que tomam a primeira dose de uma vacina e a segunda, de outra.

A taxa de imunidade da vacina da Pfizer é maior do que as outras?

Andréa Dal Bó, médica infectologista e membro da Sociedade Riograndense de Infectologia: A taxa de imunidade final da Pfizer é de 94%. Ela também garante alguma imunidade depois de três semanas após a primeira dose. A segunda dose é importante para ativar as células de memória e fazer com que a imunidade permaneça por mais tempo e ainda aumente a eficácia. Se existe segunda dose, é porque é importante tomá-la.

Como funcionam as vacinas de RNA mensageiro, como a da Pfizer?

Andréa Dal Bó, médica infectologista e membro da Sociedade Riograndense de Infectologia: A gente tem um código genético no núcleo das células. O RNA mensageiro vai enviar a mensagem para que a núcleo produza a proteína espícula, que é a principal parte do coronavírus contra a qual se produz anticorpos. Esse RNA mensageiro é uma plataforma que já vem sendo estudada há pelo menos 10 anos. Até então, ninguém havia conseguido que fosse em frente porque era muito instável. No ano passado, uma cientista húngara conseguiu fazer uma extensão dessa fita de RNA mensageiro e a tornou mais estável — o grande problema era que o RNA mensageiro se desfazia muito rapidamente. Por isso, estamos vivendo esse boom da vacina de RNA mensageiro, ela se mostrou extremamente eficaz e mais fácil de ser produzida comercialmente. Sua produção é muito mais rápida — não precisa de ovo, o que facilita muito.

Quais vacinas disponíveis são fabricadas com vírus vivo? Faça uso de imunodepressor e, segundo o meu médico, não posso usar vacinas com vírus vivo.

Debora Santos, Porto Alegre

Andréa Dal Bó, médica infectologista e membro da Sociedade Riograndense de Infectologia: É a vacina do sarampo e a vacina da febre amarela. No Brasil, não estão circulando vacinas contra a covid-19 com vírus vivo. São todas com vírus inativado. Vacinas contra a covid-19 com vírus vivo estão sendo elaboradas, mas ainda não estão no mercado. Elas têm imunogenicidade maior. Mas há risco para imunossuprimidos, como pessoas com HIV, transplantadas.

Diante das notícias sobre coagulação com o uso da vacina de Oxford/AstraZeneca: quais os riscos de uma pessoa que usa continuamente anticoagulante desenvolver trombose?

Marlene Gonçalves, São Paulo

Andréa Dal Bó, médica infectologista e membro da Sociedade Riograndense de Infectologia: São duas coisas diferentes. Não é por a pessoa ter trombose e usar anticoagulante que vai desenvolver trombose pela vacina. A pessoa que tem trombose não tem risco maior de desenvolver trombose com a vacina, ela pode fazer a vacina da AstraZeneca, não é uma contraindicação. Como é a via de trombose causada pela vacina? Ocorre queda das plaquetas no sangue seguida de trombose, de quatro a 28 dias após a vacina. É isso o que a vacina pode ocasionar, mas é extramamente raro. A chance de isso ocorrer nas pessoas é de quatro em 1 milhão.

Segunda dose

Por que a segunda dose da CoronaVac é feita pouco tempo depois da primeira e a segunda dose de vacina de Oxford demora mais tempo?

A CoronaVac tem na bula intervalo de duas a quatro semanas. Já a Oxford/AstraZeneca tem recomendação de intervalo entre doses de 12 semanas (três meses).

O importante é prestar atenção na anotação que o pessoal do posto ou drive-thru fará sobre a data da segunda dose na carteira de vacinação. É preciso seguir a data indicada no cartão.

Necessito tomar a segunda dose da vacina? Já existem evidências da necessidade?

Maria Angelina da Silva Bellaguarda, Florianópolis

Quando uma vacina é administrada em duas doses, como no caso da CoronaVac, Oxford/AstraZeneca e Pfizer, é fundamental tomar a segunda dose para completar o esquema vacinal. As bulas das vacinas dizem que a eficácia prometida de cada imunizante só será atingida quando as duas doses forem administradas.

Associação com outras vacinas

Como combinar a vacina da covid com a da gripe? Precisa de prazo entre uma e outra? Uma precisa ser feita antes da outra?

Juracema Antunes de Assunção, de Porto Alegre, e outros leitores

Sim, é preciso respeitar um prazo mínimo entre as duas vacinas. Como não existem dados sobre a coadministração, o Ministério da Saúde não recomenda a vacinação simultânea das vacinas contra covid-19 com qualquer outra, inclusive a da gripe. A orientação é respeitar um intervalo mínimo de 14 dias entre as vacinas covid-19 e as demais do calendário de vacinação.

Se a pessoa é vacinada e tem algum efeito colateral, o que ela deve fazer?

Reações como dor local, febre, fadiga, dor de cabeça podem acontecer e não apresentam nenhum risco. Respostas mais graves devem ser informadas no local onde a pessoa se vacinou, para que a vigilância seja notificada.

Faixa etária

Para se vacinar, o idoso precisa ter a idade indicada pela prefeitura completada até o dia da vacina ou em algum momento posterior de 2021?

Precisa já ter completado a idade indicada até o dia da vacina. Por exemplo, se em final de março estão vacinando aqueles com 70 anos ou mais e a pessoa tem 69 anos mas vai completar 70 em maio, ela precisa esperar que o grupo de 69 anos ou mais seja chamado.

Por que umas cidades vacinam pessoas a partir de certa idade e outras a partir de outra idade? Não deveria ser igual para todos no Estado?

Não. De acordo com Secretaria Estadual da Saúde (SES), cada município tem seu ritmo. À medida que as cidades completam uma faixa etária indicada, podem avançar para a seguinte se ainda tiverem doses disponíveis da remessa mais recente. Impactam o processo a velocidade de aplicação e o tamanho do grupo a ser vacinado, entre outros fatores. A SES reforça que segue recomendações do Plano Nacional de Imunizações (PNI).

Sempre que chega um novo lote de vacinas, os municípios, representados pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), e a SES, pactuam quem será vacinado, fazendo a estratificação a partir dos grupos prioritários. O cálculo leva em conta a quantidade de doses disponíveis, os grupos prioritários a serem contemplados e estimativas populacionais.

Se não tomar a vacina na data indicada para a sua faixa etária, a pessoa pode tomar depois?

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), em caso de alguma situação impedir a pessoa de buscar a vacinação no período determinado, é possível que ela tome a vacina em qualquer momento. No caso da segunda dose, a SES informa que é possível tomar a injeção a qualquer momento para completar o esquema de imunização, e que o atraso não acarreta problemas. No entanto, a pessoa precisa estar ciente de que não estará totalmente protegida enquanto não tomar a segunda dose. Por isso, deve fazê-lo o quanto antes.

Infectados

Depois que uma pessoa testou positivo para o coronavírus, qual o prazo para fazer a vacina?

A recomendação atual é de que a pessoa que testou positivo para o coronavírus aguarde quatro semanas após a realização do teste RT-PCR ou antígeno. Após esse período, pode buscar a vacinação. Se a pessoa desenvolveu um quadro mais grave da covid-19, a recomendação é que ela espere um tempo maior para se vacinar.

Se a pessoa estiver incubando o vírus e fizer a primeira ou a segunda dose, qual a chance de adoecer?

Victória Fernandes, de Porto Alegre

De acordo com o médico infectologista Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, se a pessoa incubou o vírus e tomou apenas a primeira dose, a vacina não vai proteger. Por outro lado, se ela está com o vírus incubado e for fazer a dose de reforço (segunda dose), imagina-se que o organismo consiga se proteger um pouco mais. Segundo Sprinz, também vai depender de qual das duas vacinas foi tomada, se AstraZeneca/Oxford ou CoronaVac. A vacina de Oxford consegue fazer com que o organismo produza anticorpos mais cedo. Provavelmente, a pessoa que estiver imunizada com a vacina de Oxford fica mais protegida do que a pessoa imunizada com a CoronaVac. O médico esclare que, quando tomada a CoronaVac, a defesa começa após duas semanas da aplicação da segunda dose. E, no caso da vacina de Oxford, a primeira dose já induz a um grau de proteção.

Quem já contraiu a doença e se curou está imune? Qual a possibilidade de ser infectado novamente?

Roni Dal Bosco, Paraná

Leonardo Weissmann, médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia: Oi, Roni! Não se pode garantir que quem teve covid-19 esteja imune pelo resto da vida. Casos esporádicos de reinfecção confirmada usando dados de sequenciamento genético já foram descritos. Porém, o risco nos primeiros meses após a infecção inicial é baixo.

Moramos em cinco pessoas na mesma casa e minha filha testou positivo para o coronavírus. Ficamos no mesmo ambiente, dividimos as mesmas coisas e eu não me contaminei. Por que isso acontece?

Maria Salete Acosta de Oliveira, Cachoeirinha

Andréa Dal Bó, médica infectologista e membro da Sociedade Riograndense de Infectologia: Existem vários fatores. Primeiro, Maria, você pode ter adquirido o vírus e ficado assintomática. Isso é bastante comum. As pessoas assintomáticas ou com poucos sintomas têm uma quantidade de vírus menor — não quer dizer que não transmitam o vírus, mas o vírus nelas dura menos tempo, o que pode não ser detectado nos testes. Outra coisa: se a pessoa fizer um teste RT-PCR ou antígeno depois de oito dias, pode vir negativo. Também pode dar negativo se for feito muito precocemente. O ideal é fazer os testes RT-PRC ou antígeno no terceiro dia a partir do início dos sintomas. Teste sorológico não serve para diagnóstico do coronavírus porque tem sensibilidade baixa. Existem vários fatores que podem dar a falsa impressão de que a pessoa não adquiriu o vírus. Outro motivo é que a pessoa infectada tomou todos os cuidados, não circulou pela casa, não fez refeição com os demais.

Onde ocorre a imunização

Me vacinei em um posto de saúde de Porto Alegre. Posso fazer a segunda dose num drive-thru?

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), é permitido que a pessoa tome a primeira dose da vacina no posto de saúde e a segunda dose no drive-thru, e vice-versa. Em ambos os casos, basta levar a carteira de vacinação, além do resto da documentação necessária, como documento com foto e comprovante de residência.

Imunidade

Após vacinada, a pessoa pode pegar o vírus e transmitir para quem não está vacinado?

Danielle Fischer, de Porto Alegre

Leonardo Weissmann, médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia: Oi, Danielle! Sim, mesmo pessoas vacinadas podem pegar o vírus e transmiti-lo. Por esse motivo, as precauções contra a transmissão, como o distanciamento físico e o uso de máscaras, devem ser mantidas mesmo por quem já tomou a vacina.

Reações à vacina

Se a pessoa é vacinada e tem algum efeito colateral, o que ela deve fazer?

Varlei Disiuta, de Nova Petrópolis, e outros leitores

Reações como dor local, febre, fadiga, dor de cabeça podem acontecer e não apresentam nenhum risco. Respostas mais graves devem ser informadas no local onde a pessoa se vacinou, para que a vigilância seja notificada.

Comorbidades

HIPERTENSÃO

Quem é hipertenso pode tomar a vacina contra a covid-19 por comorbidade?

Caroline Machado Gomes, de São Marcos

Alguns tipos de hipertensão estão incluídos no grupo das comorbidades e são prioritários para a vacinação contra a covid-19. Conforme detalha o Plano Estadual de Vacinação Contra Covid-19, são eles:

Hipertensão Arterial Resistente (HAR): quando a pressão arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou pressão arterial controlada com uso de quatro ou mais anti-hipertensivos.

Hipertensão arterial estágio 3: pressão arterial sistólica igual ou maior a 180 e/ou diastólica igual ou superior a 110, independentemente da presença de lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) ou comorbidade.

Hipertensão arterial estágios 1 e 2: com lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) e/ou comorbidade. Pressão sistólica entre 140 e 179 e/ou diastólica entre 90 e 109 na presença de lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade.

Hipertensos leves são considerados prioritários para a vacinação contra a covid-19?

Consultada no dia 8 de junho, a Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS) afirmou que a possibilidade de imunização de hipertensos leves no grupo das comorbidades, prioritário para a vacinação contra a covid-19, está sendo avaliada pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Ainda não há previsão de quando a decisão será tomada.

O governo do Estado chegou a anunciar, no dia 2 de junho, que os hipertensos leves estariam liberados para a vacinação contra a covid-19, mas voltou atrás na decisão. A demanda da inclusão dessa população no grupo prioritário veio após relatos das secretarias de Saúde de Caxias do Sul e de Passo Fundo sobre alto índice de mortes de hipertensos não vacinados contra o coronavírus.

O meu filho tem 21 anos, é hipertenso e tem obesidade mórbida. Quando ele vai poder ser vacinado?

Teresinha Ribeiro Cardoso da Costa, do Rio de Janeiro

Pessoas maiores de 18 anos que têm obesidade mórbida (com índice de massa corpórea - IMC igual ou superior a 40) e indivíduos que tem Hipertensão Arterial Resistente (HAR) ou Hipertensão arterial estágio 1, 2 ou 3 já podem ser vacinados no Rio Grande do Sul. A campanha de vacinação tem avançado por ordem de idade e varia conforme o município. Em Porto Alegre e em Canoas, por exemplo, todos os maiores de 18 anos que se encaixam nos critérios da vacinação por comorbidade já podem receber a vacina.

ASMA

Pessoas com asma brônquica fazem parte desse grupo de comorbidade?

Vanete Fauth, de Porto Alegre

Asma, asma brônquica e asma crônica são três formas diferentes de nomear uma mesma doença: a asma, doença crônica que acomete 10% da população brasileira e tem tratamento. É uma doença genética caracterizada pela maior sensibilidade dos brônquios a fatores ambientais, que resulta na inflamação crônica dos brônquios, com manifestação de sintomas respiratórios como tosse, chiado no peito, sensação de aperto e falta de ar. Um dos grandes vilões da piora de um asmático são infecções respiratórias virais.

Pessoas com asma grave fazem parte do grupo prioritário para a vacinação contra a covid-19.

Sou asmática e tenho muitas crises. Quando poderei me vacinar?

Luciana Martins, de Porto Alegre

De acordo com o Plano Nacional de Imunização (PNI), fazem parte do grupo prioritário para a vacinação contra a covid-19 indivíduos que têm asma grave. São considerados casos de asma grave aqueles em que o indivíduo faz uso recorrente de corticoides sistêmicos ou já foi internado previamente por causa de crise asmática.

Para indivíduos que se encaixam nos critérios da comorbidade asma grave, a vacinação já está ocorrendo no Rio Grande do Sul, por ordem de idade. Em Porto Alegre, por exemplo, a faixa etária de 33 anos com comorbidades começou a ser vacinada no dia 14 de maio. A abrangência de mais faixas etárias aumenta conforme a chegada de novas doses de imunizantes a cada município.

Tenho asma grave, que documentos devo apresentar para receber a vacina?

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), podem ser apresentados exames, receituários médicos, relatórios médicos e prescrições médicas que comprovem a comorbidade. Também poderão ser utilizados "cadastros já existentes dentro das Unidades de Saúde", nos casos em que o indivíduo já é atendido e acompanhado pela rede pública.

Crianças com 14 anos portadoras de asma grave serão vacinados agora ou não?

Kelli Almeida, de Porto Alegre

No Brasil, as vacinas contra a covid-19, até o momento, são dadas apenas a maiores de 18 anos, independente de o indivíduo apresentar comorbidade ou não. Mas cientistas e fabricantes de vacinas estão trabalhando para testar os imunizantes em pessoas menores de idade.

Meu filho tem 24 anos e faz uso contínuo das bombinhas Clenil e Salbutamol. Ele pode tomar a vacina pra covid-19 por comorbidade?

Cheila Veilson Pereira, de Canoas

Confira a avaliação de Paulo Pitrez, pneumologista do Hospital Moinhos de Vento, o Clenil é um medicamento controlador preventivo, que se usa todos os dias. O Salbultamol é um remédio usado para quando o paciente está em crise, é chamado medicação de resgate, não preventivo:

– Provavelmente, o remédio que este jovem usa todos os dias para controlar a doença é o Clenil. Um paciente pode usar o Clenil, que é um corticoide inalatório, em dose baixa, estar com a doença controlada e não ter asma grave. Se o filho de Cheila controla a asma somente com Clenil, ele muito provavelmente não tem asma grave e, assim, pela política de vacinação vigente, não tem indicação para vacinação no momento.

Meus dois filhos, com idades de 21 e 22 anos, têm asma. Usam Aerolin e Vannair. Eles entram no grupo prioritário?

Simone Silva, de Porto Alegre

Confira a avaliação de Paulo Pitrez, que é pneumologista do Hospital Moinhos de Vento:

– Vannair é um spray que combina corticoide com um brônquio-dilatador de longa ação. É uma medicação controladora. Se a dose que os jovens usam é alta, podem ser considerados pacientes com asma grave e deveriam ser vacinados agora, pela nossa política de saúde.

Comorbidades em geral

Vacina tem contraindicação? Se a pessoa tem uma doença crônica ou algum outro problema, pode mesmo assim se vacinar?

Dalmon Coimbra, de Porto Alegre, e outros leitores

Depende. O Ministério da Saúde (MS) contraindica as vacinas apenas em dois casos: hipersensibilidade a algum componente do imunizante ou para pessoas que tenham apresentado reação anafilática confirmada no momento em que tomaram a primeira dose da vacina contra covid-19. Esses indivíduos não têm recomendação para segunda dose.

Tem situações, no entanto, que pedem cautela, observa Mônica. É o caso das gestantes, lactantes e durante puerpério (até 45 dias após o parto), população não estudada até o licenciamento das vacinas. Para a médica, em situações de mulheres pertencentes aos grupos prioritários e com alta exposição, a vacinação deve ser recomendada, pois os benefícios superam os riscos hipotéticos. Em caso de dúvida, o ideal é discutir com seu médico.

Pacientes com doenças reumáticas imunomediadas como artrite reumatóide, por exemplo, devem, preferencialmente, tomar a vacina quando a doença estiver controlada ou em remissão, orienta o MS. Entretanto, a recomendação da vacina deve ser debatida com o médico que acompanha o indivíduo. Pacientes oncológicos, transplantados e demais imunossuprimidos (pacientes com sistema imunológico fragilizado em razão de algum outro medicamento, como quiimoterapia, por exemplo) não foram pesquisados, entretanto, é pouco provável que as vacinas em uso no país aumentem o risco de eventos adversos. Por precaução, o ministério indica que pacientes nessas condições discutam a vacinação com seus médicos.

Faço parte do grupo de risco, pois tenho diabetes tipo 1, mas estou amamentando. Posso fazer a vacina quando chegar a minha vez?

Lisiane Ferreira Alves, de Porto Alegre

No caso de pessoas com diabetes não muito bem controlada, espera-se que as respostas imunológicas serão um pouco inferiores. Ainda assim, assas pessoas devem se vacinar contra a covid-19. E devem buscar a imunização mesmo que estejam amamentando. De acordo com o médico infectologista Eduardo Sprinz, um estudo conduzido pela Janssen nos Estados Unidos indicou que mães que amamentam e foram vacinadas contra a covid-19 conseguem passar anticorpos para o leite materno; assim, acabam ajudando os bebês.

Como comprovar a comorbidade?

A mais recente atualização do Plano Estadual de Vacinação incluiu uma orientação aos municípios, responsáveis por aplicar as vacinas, para que exijam “documento que demonstre pertencer a um destes grupos de risco (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica etc.)". O Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul destaca a importância de apresentar laudo assinado por médico atestando a condição. Mas também poderão ser utilizados "cadastros já existentes dentro das Unidades de Saúde”, quando a pessoa já é atendida e acompanhada pela rede pública.

Quais as comorbidades previstas?

A lista neste link traz definições resumidas para 22 categorias. A íntegra pode ser consultada no Plano Estadual de Vacinação. Algumas definições envolvem conceitos técnicos que podem ser esclarecidos diretamente com seu médico.

Quantidade de doses

Como o governo do Rio Grande do Sul divide pelos municípios cada lote de imunizantes que recebe? A divisão é proporcional à população ou tem outro critério?

A SES esclarece que o cálculo de distribuição é feito a partir de estimativas populacionais do grupo prioritário que está sendo vacinado no momento. Ou seja, uma cidade A, de população menor do que uma B, mas com uma proporção de idosos acima de 60 anos bem superior do que a de A, pode acabar recebendo lotes maiores de vacinas em um primeiro momento.

Uso de máscara

Depois de fazer a primeira dose, a pessoa pode deixar de usar máscara? E a segunda?

Não. A diretora da SBIm lembra que o grau de proteção após uma dose ainda não é garantido, podendo, inclusive, ocorrer a infecção pelo coronavírus entre a primeira e a segunda dose. Isso significa que, com uma dose, a pessoa não está adequadamente protegida. Além disso, não há evidências que comprovem que estar vacinado evite a transmissão às outras pessoas.

— Ainda que vacinada, não há dados que permitam os indivíduos a voltarem para vida normal. No momento, a vacina está protegendo quem recebe a dose, não quem convive com eles (imunizados). Portanto, em respeito à saúde dos outros, o vacinado deve usar máscara e respeitar o distanciamento — fala Mônica.

Grupos prioritários

Já há alguma data prevista para a vacinação em professores?

Karine Braga da Rocha Assumpção, de Porto Alegre

O governo do Rio Grande do Sul tem um plano de vacinação contra a covid-19 que segue orientações do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunizações. O plano define os grupos prioritários, que são as pessoas que devem ser vacinadas antes da população em geral. Seguindo a ordem do plano, os professores só serão vacinados após os idosos institucionalizados, as pessoas com deficiência institucionalizadas, os povos indígenas, os profissionais da saúde, os povos quilombolas, as pessoas entre 60 e 90 anos, as pessoas com comorbidades, as pessoas com deficiência, as pessoas em situação de rua, a população privada de liberdade e os funcionários do sistema de privação de liberdade. No entanto, pode acontecer de o Ministério da Saúde alterar o plano e adiantar a vacinação dos professores, como aconteceu com os trabalhadores das forças de segurança e salvamento - na ordem do plano, eles estão atrás dos professores, mas foram passados para frente porque atuam diariamente nas ruas.

Há algum plano de imunização para gestantes e lactantes?

Elisângela Thiel Tresoldi, de Canoas

As gestantes e puérperas (mulheres que passaram há menos de 45 dias pelo parto) foram incluídas no grupo de pessoas com comorbidades. No Rio Grande do Sul, esse grupo deve ser vacinado ao longo de maio de 2021. As gestantes e puérperas foram divididas em duas etapas da campanha: primeiro serão atendidas aquelas com comorbidades, depois, as demais.

Variantes

A CoronaVac e a Fiocruz me protegem contra as novas variantes do coronavírus?

Marina Sabino da Silva, de São Paulo

Leonardo Weissmann, médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia: Oi, Marina! Muitas variantes circulantes do Sars-CoV-2 contêm mutações na proteína spike da superfície, que é o alvo mais comum da vacina. Ainda não há evidências científicas suficientes sobre o impacto dessas mutações na eficácia da vacina.

Covid-19, gripe e resfriado

Qual a diferença entre gripe, resfriado e covid-19?

Luciano Goldani, médico infectologista do Hospital de Clínicas e professor da UFRGS: A covid-19 é causada pelo vírus Sars-CoV-2. A gripe é causada pelo vírus influenza. E os resfriados são conjuntos de outros vírus respiratórios.

Quais são os sintomas mais comuns dessas doenças?

Luciano Goldani, médico infectologista do Hospital de Clínicas e professor da UFRGS: Todas são doenças respiratórias. Normalmente, os resfriados são muito mais leves. A febre é baixa, a pessoa não tem pneumonia nem falta de ar, só tem corrimento nasal. Já a covid-19 e a influenza podem ter manifestações muito graves. Nos casos leves, gripe e covid-19 podem se parecer com resfriado. É muito importante, principalmente nas formas mais graves, fazer o teste para saber se é covid-19 ou gripe. Tanto a covid-19 quanto a influenza podem ter consequências graves, que podem ir da pneumonia, síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e envolvimento de outros órgãos, além do pulmão, com inflamação do cérebro e do coração, que podem levar à morte.

O que pode ajudar a distinguir gripe de covid-19?

Luciano Goldani, médico infectologista do Hospital de Clínicas e professor da UFRGS: As manifestações, em geral, são febre, tosse, falta de ar, cansaço, dor de garganta, nariz que corre, dores musculares, além de náuseas e vômitos. É muito difícil distinguir. São muito parecidas entre si. Por isso, é importante fazer o teste. Existem algumas manifestações que são típicas da covid-19, como a perda de olfato e paladar, que é muito específico da covid. A covid-19 é muito mais contagiosa que a influenza, se espalha de forma mais rápida. A mortalidade da covid também é maior que a da influeza. E as crianças tendem a ser afetadas com menor intensidade com a covid-19. A covid-19, em crianças, é menos contagiosa e causa menos problemas que a influenza. A influenza tem o tratamento específico, o tamiflu, e a covid-19 ainda não tem antiviral aprovado para tratamento.

Pegar gripe e coronavírus ao mesmo tempo pode provocar um quadro grave da covid-19?

Luciano Goldani, médico infectologista do Hospital de Clínicas e professor da UFRGS: Se a pessoa está com o coronavírus, pode ser muito pior pegar a gripe porque já estará debilitada pela covid. Por isso, é importante estar imunizado contra a gripe e contra a covid-19. A vacina da influenza também deve ser feita.


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