O presidente da Pfizer, Albert Bourla, disse nesta quinta-feira(6) que rejeita a proposta apoiada pelos Estados Unidos de suspender temporariamente as patentes das vacinas para covid-19, mas sugeriu acelerar a produção nas fábricas existentes. Em entrevista à AFP, Bourla disse que sua empresa, que desenvolveu uma vacina junto com a alemã BioNTech, "não é nada" favorável ao apelo americano para suspender as patentes que protegem o imunizante contra a covid-19.
O governo dos Estados Unidos surpreendeu o mundo na quinta-feira (5) ao anunciar que apoiaria o levantamento de patentes de vacinas anticovid e recebeu imediatamente o apoio entusiasmado da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda na quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a União Europeia (UE) está "pronta para discutir" formas de garantir que as vacinas cheguem rapidamente a todos os cantos do mundo.
— A UE está pronta para falar sobre qualquer proposta que responda à crise de forma eficaz e pragmática. É por isso que estamos prontos para falar sobre como o levantamento da propriedade intelectual pode ajudar a atingir esse objetivo — disse o governante.
Até agora, a UE manteve-se firmemente contra os apelos à suspensão temporária de patentes de vacinas para acelerar as campanhas de imunização contra a covid-19.
BioNTech: patentes não são "fator limitante" na produção de vacinas
A farmacêutica alemã BioNTech, parceira da Pfizer no desenvolvimento da vacina Comirnaty, comentou nesta quinta-feira que a proteção de patentes das vacinas contra a covid-19 não limita a produção ou explica problemas de fornecimento em todo o mundo.
"As patentes não são o fator limitante para a produção ou fornecimento de nossa vacina. Não irão aumentar a produção global ou o fornecimento de doses a curto e médio prazo", disse o laboratório à AFP. Assim como comunicado pela Pfizer, a declaração sugere uma rejeição ao apelo dos Estados Unidos para liberar a proteção de patentes para vacinas.
"Se nenhum dos requisitos for atendido, a qualidade, segurança e eficácia da vacina não podem ser garantidas pelo fabricante ou pelo inventor. E isso pode colocar em risco a saúde dos vacinados", alerta a empresa.
Ressaltando os vários detalhes que podem comprometer a produção, a empresa alemã lembrou que se algumas das "raras e importantes matérias-primas" não forem utilizadas da melhor forma, menos vacinas serão produzidas. "Os especialistas já apontaram que a instalação e validação de novos locais de produção geralmente leva um ano", acrescentou.
Além disso, a produção da vacina de RNA mensageiro, como a implementada pela BioNTech e pela americana Pfizer, "é um processo complexo desenvolvido ao longo de mais de uma década. Todas as etapas devem ser definidas e executadas com precisão" por uma "equipe experiente", completou.
A BioNTech, que estimava em 2021 a fabricação de até 2,5 bilhões de doses de sua vacina, agora afirma ter "capacidade" para produzir até 3 bilhões de doses neste ano e mais de 3 bilhões no próximo. Na UE, duas fábricas, na Bélgica e na Alemanha, são as plataformas centrais para a fabricação de doses do produto com a tecnologia de RNA mensageiro, considerada o futuro das vacinas.
O laboratório favorece a transferência de tecnologia e a concessão de licenças específicas para aumentar a produção de sua vacina, reiterou. E destacou que tem uma estreita colaboração com mais de 15 parceiros, incluindo Merck, Novartis Sanofi e Baxter.