Vendo os indicadores da pandemia piorarem, a prefeitura de Passo Fundo, no norte do Estado, decidiu restringir o horário de funcionamento de atividades. A partir desta terça-feira (25), os serviços não essenciais devem fechar às 21h e só podem voltar a reabrir às 6h.
A restrição é válida até 31 de maio e atinge bares, restaurantes e comércio. Durante o fim da noite e a madrugada, apenas os serviços de telentrega ficam permitidos, e o formato de pegue e leve é vedado. As atividades essenciais seguem funcionando normalmente.
— Nós acreditamos que este é o horário de maior problema na cidade. Nós temos trabalho de fiscalização e estávamos tentando fazer conscientização, tentando sensibilizar as pessoas, mas ainda assim é um problema grave — justifica a secretária municipal de Saúde, Cristine Pilati.
Conforme Cristine, o número de casos ativos de covid-19 passou de 340 para cerca de mil em um período de um mês. As unidades de terapia intensiva (UTIs) dos principais hospitais da cidade operam com a ocupação próxima de 100% na maior parte do tempo:
— É um aumento muito parecido com o que aconteceu no fim de fevereiro e em março. Nos preocupou, porque a taxa de ocupação dos hospitais chegou ao máximo.
A prefeitura também suspendeu o retorno às atividades presenciais de 16 escolas da rede municipal nesta semana. A retomada tem ocorrido de forma gradual, com cinco alunos por sala, em rodízio. Até agora, 30 escolas da rede municipal abriram, mas o Executivo decidiu adiar o retorno das demais enquanto avalia os indicadores da pandemia. As redes estadual e privada mantêm aulas presenciais.
A região de Passo Fundo está entre as que receberam alertas do governo do Estado na última semana, no novo modelo de controle da pandemia.
Vacinação de profissionais da educação
Também nesta terça-feira (25), o município iniciou a imunização de trabalhadores de escolas da Educação Infantil, tanto da rede pública quanto da rede privada. Assim, além de professores, podem se vacinar trabalhadores da cozinha, limpeza e setor administrativo dos colégios. A estimativa é de que aproximadamente 900 profissionais sejam imunizados.
A vacina aplicada é a da Pfizer, no CTG Lalau Miranda, das 8h às 16h. Para receber a dose, é necessário levar uma declaração da instituição de ensino, que ficará retida, além de documento de identificação com foto e CPF ou cartão do SUS.
Dentre os grupos que estão antes dos profissionais da educação na fila dos grupos prioritários, a prefeitura já iniciou ou está concluindo a imunização. A vacinação de moradores de rua está sendo finalizada, assim como a de pessoas com deficiência permanente. Já a da população privada de liberdade está ocorrendo de forma mais lenta devido aos procedimentos de segurança do sistema carcerário.
Cachoeira do Sul aperta as regras
Com 8.030 casos confirmados de covid-19 e 121 óbitos registrados até as 10h desta terça-feira (25), Cachoeira do Sul, na região central do Estado, publicou um decreto endurecendo as regras de circulação no município. No texto, que entrou em vigor hoje sem data para terminar, a prefeitura destaca o aumento nas mortes e o esgotamento da capacidade hospitalar como argumentos para reforçar o isolamento social.
Conforme dados repassados pela administração municipal, de 24 de abril a 24 de maio foram confirmados 1.891 casos de covid-19. Os piores dias foram 13, 14 e 15 de maio, que, juntos, somaram 455 casos. Só no dia 13, foram 174.
Como consequência do crescimento no número de registros da doença, as mortes também têm aumentado. Em um mês, foram 40, passando de 39, em 1º de março para 79 em 1º de abril. Os números também deram um salto entre abril e maio: de 79 para 106 óbitos. Os dados atualizados desta terça-feira somam 121 vidas perdidas.
— O que tem assustado é o aumento da incidência de novos casos e a questão da ocupação da UTI e dos leitos de enfermaria. Isso se acentuou bastante em maio, tanto que fomos uma das primeiras regiões a receber o alerta do governo estadual. Temos uma incidência de casos novos por 100 mil habitantes que é o dobro do Estado no momento — argumenta Juliana Cruz Flores, procuradora do município.
Segundo Juliana, já na época do anúncio do novo sistema de controle da pandemia pelo governo do Estado, os prefeitos da região concordavam que não era possível fazer novas flexibilizações em razão da alta de casos. Neste último fim de semana, porém, a prefeitura de Cachoeira do Sul observou uma piora nos índices e resolveu limitar a circulação dos moradores.
— Nossa média foi de 60 casos por dia em maio. O hospital não suporta, chegamos a 180% de ocupação. Então, tomamos essa decisão conjunta, entre gabinete do prefeito, Secretaria Municipal da Saúde, hospital e procuradoria jurídica — explica Juliana, acrescentando que o pico de registros foi percebido assim que o governo estadual ampliou as liberações e retomou as aulas.
— Vimos que a cidade voltou a ter uma vida praticamente normal. Portanto, queremos reduzir circulação de pessoas para diminuir a propagação do vírus — completa a procuradora.
Publicado nesta terça, o novo decreto de Cachoeira do Sul proíbe o atendimento presencial no comércio e nos serviços em geral, sendo permitida apenas a operação por teleatendimento. Restaurantes, pizzarias, lancherias e trailers de lanches podem operar das 8h às 20h, exclusivamente para telentrega. Missas e atividades religiosas também ficam restritas das 8h às 20h e com 5% do público. Academias e centros de treinamentos funcionam das 8h às 20h, com apenas um aluno por hora para atividade com prescrição médica, e as atividades escolares presenciais também estão suspensas. Operações no sistema pegue e leve não são permitidas no momento.