O governo estadual divulgou, no começo da tarde desta terça-feira (18), a primeira rodada do novo modelo de gestão da pandemia com alertas para cinco regiões sob tendências graves da covid-19.
Os municípios das áreas de Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí, Cachoeira do Sul e Passo Fundo têm 48 horas para apresentar um plano de ação que será avaliado pelo Piratini e, caso aprovado, deverá entrar em prática imediatamente. Caso necessário, podem ser impostas medidas adicionais.
Os alertas foram emitidos em razão da piora significativa de diferentes indicadores, analisados para cada região, como avanço no número de casos ou internações, esgotamento do sistema hospitalar ou crescimento no número de mortes. Confira, abaixo, um resumo do que teve mais peso para determinar a necessidade de adotar medidas de combate ao vírus em cada zona de alto risco.
Santo Ângelo
A situação mais crítica atualmente, segundo o grupo de trabalho da Saúde vinculado ao Piratini que analisa os dados, é na região Covid de Santo Ângelo, nas Missões, onde o Alerta foi emitido em razão de uma disparada na incidência de novos casos em sete dias por 100 mil habitantes — saltou de 260,3 em 9 de maio para 424,1 em 16 de maio, em um aumento de 62,9% em sete dias. Essa incidência de 424,1 está 89% acima da média estadual, segundo divulgado pelo governo.
Além disso, o número de pacientes com coronavírus em leitos clínicos cresceu 51,5% em 19 dias — de 99 em 27 de abril para 150 em 16 de maio. Nessa mesma data, 45 doentes estavam internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) com covid-19, o maior número já verificado. A taxa de ocupação da região está em 100%, e 85% dos pacientes são confirmados por covid-19.
O acumulado semanal de mortes por 100 mil habitantes também está em alta. Passou de 8,2 em 8 de maio para 11,8 em 16 de maio, em um crescimento de 43% no período. Esse valor é 78,8% superior à média estadual.
Cruz Alta
A região Cruz Alta, segundo o relatório do governo gaúcho, apresenta "aumento consistente" no número de novos casos há 10 dias, período em que superou a média estadual.
Em 7 de maio, a região contabilizava 251,6 casos por 100 mil habitantes acumulados na semana, patamar similar ao do Estado. Nesta segunda-feira (17), a região contabilizou 380 casos semanais por 100 mil, em um avanço de 69,57%. No mesmo período, o Estado apresentou redução de 11,2%. Além das internações em leitos clínicos também estarem aumentando, o maior hospital da região, o São Vicente de Paulo, vem enfrentando "grande dificuldade na manutenção de estoque mínimo de medicamentos para entubação" nas UTIs, conforme o relatório do Piratini.
Conforme a análise oficial, "isso fez com que a instituição reduzisse o número de pacientes internados em leitos de UTI, o que explica a baixa taxa de ocupação desses leitos, ou seja, a taxa de ocupação de UTI permanece abaixo de 60% devido à falta de capacidade de absorver pacientes".
Ijuí
O grupo de trabalho Saúde do Comitê de Dados estadual observou aumento da incidência semanal de novos casos, com 763 exames confirmados na última semana. A taxa chegou a 332,8 casos por 100 mil habitantes, muito superior ao observado no Estado (224,1 por 100 mil habitantes).
Também foi percebido aumento de 17,6% na ocupação de leitos clínicos nos últimos sete dias. Apesar da ocupação em UTIs se encontrar em "relativa estabilidade", é um patamar elevado (86,3%) e com pouco espaço para elevação em toda a macrorregião.
Cachoeira do Sul
O Alerta para a região de Cachoeira do Sul foi justificado pelo governo pelo aumento na incidência semanal de novos casos de covid e pela alta taxa de ocupação de leitos nos hospitais. Houve aumento do acumulado de casos, com 665 exames positivos na última semana. Isso elevou a 327,6 ocorrências por 100 mil habitantes. Cachoeira registrou a sexta maior incidência acumulada em sete dias em todo o Estado.
Houve ainda aumento de 15,6% nos últimos sete dias na quantidade de pacientes suspeitos e confirmados com covid-19 internados em leitos clínicos. A taxa de ocupação em leitos de UTI é ainda mais crítica, chegando a 145% no último domingo (16/5), "o que indica utilização de leitos não regulares para tratamento dos pacientes", conforme o Piratini.
Passo Fundo
O alerta atribuído a Passo Fundo é explicado por fatores como um "aumento consistente" nos casos confirmados de covid-19 ao longo da última semana, quando ultrapassou a média estadual desse indicador.
Dia 10 de maio, a região de Passo Fundo estava com 247,4 casos por 100 mil habitantes, enquanto a média estadual era de 247,1 casos por 100 mil. Na segunda-feira (17/5), o Estado estava com 224,1 casos por 100 mil habitantes, e a região, com 310,5. Isso representa um aumento de 25,55% com a soma de 2.071 notificações em uma única semana.
As internações por sintomas compatíveis com o coronavírus em leitos clínicos aumentaram 27% no período, passando de 192 doentes suspeitos ou confirmados para 244 até 16 de maio. O grupo de trabalho de Saúde destacou que a escalada nas internações em leitos clínicos representa um "possível futuro aumento de ocupações de leitos de UTI", que já está em estado de atenção na região.
Como os leitos de UTI na região de Passo Fundo seguem sob alta demanda, com taxa de ocupação no domingo (16 de 97,6%, e na segunda (17) de 82,5%, o gabinete de crise classificou como preocupante o cenário na região por um possível esgotamento.