Sem receber pacientes suficientes, o Hospital Porto Alegre vive dias de agonia. O relato é do diretor da instituição, Jair Dacás, que busca alternativas para manter o estabelecimento aberto na Capital, mas admite que o local pode encerrar as atividades dentro de 30 dias, se não forem encontradas alternativas para sanar o déficit, estimado por ele em R$ 1,8 milhão.
— Se não conseguirmos novos recursos, no máximo vamos sobreviver por mais 30 dias. Se não conseguirmos, vamos ter que fechar. É triste e vergonhoso falar isso. Mas é a verdade. Hoje precisamos de R$ 1,8 milhão para fechar as contas — afirma Dacás, que assumiu o comando do hospital há três meses.
A instituição tem débitos de água, luz e tributos, além de estar com os salários de março e parte dos de fevereiro atrasados. Duas negociações dão esperança ao diretor de que a instituição privada consiga sobreviver. A primeira é a busca de um convênio com o IPE-Saúde.
— A nossa grande esperança é o convênio com o IPE, que está em análise. Mas, se começar hoje o convênio, se entrar o primeiro paciente agora, os recursos começarão a entrar em cerca de 90 dias — acrescenta Dacás.
O hospital também busca ampliar os contratos com a prefeitura de Porto Alegre para mutirões de demandas que estão reprimidas por conta da pandemia, como os atendimentos e cirurgias de traumatologia. Se depender do Executivo municipal, há espaço para ampliar os contratos.
— Teria espaço para aumentar a contratação em algumas áreas. No momento, estamos ainda focados na covid-19. Mas, no futuro breve, vamos ter oportunidade para fazer mutirões, com enfermidades que ficaram represadas por conta do momento mais agudo da pandemia — projeta Mauro Sparta, secretário da Saúde da Capital.
A falta de um contrato com um convênio que tenha muitos pacientes é o problema principal do Hospital Porto Alegre. De acordo com o diretor, a instituição — originalmente criada para atender os municipários — não consegue se sustentar apenas com as mensalidades de cerca de 2,5 mil associados, que pagam entre R$ 200 e R$ 300. A falta de pacientes começou quando o Centro Clínico Gaúcho rompeu o convênio que tinha com a casa de saúde.
Em fevereiro, em meio ao crescimento da demanda por leitos para pacientes com covid-19, o hospital passou a receber pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de um convênio com a prefeitura de Porto Alegre. O contrato ajudou nas contas da instituição, mas não é suficiente para cobrir os custos mensais de insumos e da equipe de 270 funcionários.
A mantenedora do hospital é a Associação dos Funcionários Municipais de Porto Alegre (AFMPA). Contudo, segundo o diretor, foi preciso abrir um novo CNPJ que viabilizasse a busca por novas contratualizações.