A Polícia Federal (PF) apura se as vacinas contra a covid-19 adquiridas por empresários em Minas Gerais na semana passada sejam falsas. Na tarde desta terça (30), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência da suposta enfermeira que teria aplicado o suposto imunizante em um grupo de 50 pessoas na garagem da empresa Saritur, de Robson e Rômulo Lessa.
No local, a PF localizou diversas seringas, unidades de soro fisiológico e até um comprovante de vacinação de suposto imunizante da Pfizer, que ainda não está disponível no país. O material será levado para perícia. Além da hipótese da vacina falsa, a PF trabalha com as linhas de investigação que apuram se as doses foram importadas ilegalmente ou desviadas.
A suposta enfermeira deve ser presa em flagrante. A mulher, o filho dela e outro homem envolvido no caso foram conduzidos para a Superintendência da PF para prestar depoimento. Uma clínica em Belo Horizonte também foi alvo de buscas da polícia.
Segundo a PF, a mulher tem passagem por furto e teria comercializado doses para outras pessoas além dos empresários Robson e Rômulo Lessa. Em depoimento prestado na segunda (29), a dupla admitiu ter obtido os supostos imunizantes de forma ilegal. Cada pessoa que recebeu a dose pagou R$ 600 pela suposta vacina.
O caso da vacinação às escondidas por empresários e políticos mineiros foi revelado pela Revista Piauí. Segundo a revista, um grupo formado por políticos e empresários do setor de transportes de Minas Gerais adquiriu doses da vacina da Pfizer contra covid, não repassou ao Sistema Único de Saúde e aplicou secretamente em 50 pessoas.
Seis vídeos obtidos pelo Estadão mostravam pessoas sendo vacinadas na noite de terça-feira (23), em uma das garagens da Saritur. Na sexta (26), o juiz Rodrigo Pessoa Pereira da Silva, da 35ª Vara Federal Criminal de Minas Gerais, autorizou a quebra do sigilo de dados dos empresários no âmbito da Operação Camarote.