Um boletim extraordinário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicado nesta terça-feira (2) alerta para o agravamento simultâneo dos indicadores da pandemia de coronavírus no Brasil. De acordo com os cientistas da fundação, além da alta de casos e de óbitos, há uma sobrecarga simultânea dos sistemas hospitalares no Brasil e um aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
"Este crescimento rápido a partir de janeiro vem conformando o pior cenário no que se refere às taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos em vários Estados e capitais que concentram a maior parte dos recursos de saúde e as maiores pressões populacionais e sanitárias que envolvem suas regiões metropolitanas", afirma a Fiocruz.
Ao analisar a pressão sobre o sistema de saúde e as unidades de terapia intensiva (UTIs), o Observatório Covid-19, grupo responsável pela análise dos dados da pandemia na Fiocruz, afirma que este pode ser apenas o começo de um cenário mais grave.
"A questão de sobrecarga nos sistemas de saúde é uma preocupação desde o início da pandemia, e agora, principalmente, deve-se olhar para estes indicadores como um alerta real. Os dados são muito preocupantes, mas cabe sublinhar que são somente a 'ponta do iceberg'. Por trás deles estão dificuldades de resposta de outros níveis do sistema de saúde à pandemia, mortes de pacientes por falta de acesso a cuidados de alta complexidade requeridos, a redução de atendimentos hospitalares por outras demandas, possível perda de qualidade na assistência e uma carga imensa sobre os profissionais de saúde", aponta o grupo.
Para a Fiocruz, instituição responsável pela análise dos dados da pandemia no Brasil, o momento é de aumentar as medidas de supressão, ou seja, as restrições de atividades nas cidades.
"Adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos como taxas de ocupação de leitos e tendência de elevação no número de casos e óbitos", descreve.
Também são apontadas como soluções para o enfrentamento da pandemia a aceleração da imunização contra o coronavírus por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS), as medidas de mitigação (uso de máscaras, higiene e distanciamento social) e a implementação imediata de planos e campanhas de comunicação para esclarecer a população sobre a importância de prevenir e vacinar.