A secretária de Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergmann, falou nesta terça-feira (2) ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, sobre o atual cenário da pandemia de coronavírus no Estado. Segundo ela, o momento é "muito triste", pois há um aumento significativo da pressão no sistema de saúde de todos os municípios.
— No primeiro pico, nós tínhamos uma ideia de 60 pacientes por dia precisando de UTI. No segundo, em dezembro, a média diária era de 64. Agora, a média diária é de 180 a 220 pessoas por dia. Então, realmente, se não houver um reflexo das medidas que o governo do Estado tomou, e esperamos que a sociedade entenda e colabore, o setor econômico, a população, que é seguir rigorosamente os protocolos da bandeira preta. As restrições têm de acontecer. Conversando com a área da ciência, de quem faz projeções, só vamos conseguir reduzir as pessoas com necessidade de internação se a gente reduzir a circulação — afirmou a secretária.
Arita Bergmann afirmou que a obediência aos protocolos da bandeira preta, que restringem atividades não-essenciais em todo o Estado, pode diminuir significativamente a pressão sobre o sistema de saúde e, por consequência, possibilitar que sejam levantadas mais rapidamente as restrições de atividades.
— Se nós tivéssemos conseguido, no dia 27 (dia em que o Estado entrou em bandeira preta), uma redução de 90% da circulação, nós já poderíamos sentir a partir da quinta, da sexta, uma diminuição de pacientes precisando de leitos de UTI. Se no mesmo dia a redução de circulação fosse de 50%, a queda só iria aparecer no dia 12 março. Então, a gente enxergaria a diminuição um pouco mais distante.
Nesta terça, a prefeitura de Porto Alegre confirmou que está ocorrendo transmissão comunitária — ou seja, de pessoa para pessoa — da chamada "variante de Manaus" do coronavírus, a P1. A circulação dessa nova cepa, segundo Arita, é mais um fator de preocupação para as autoridades sanitárias.
— Isso nos preocupa muitíssimo. Até porque nós encaminhamos amostras de vários pontos do RS, e estamos aguardando os resultados. Essa variante tem uma velocidade de transmissão muito maior do que as outras já encontradas, pessoas mais jovens estão internando, e das pessoas que vão à UTI, 74% foram a óbito — declarou a secretária, que alertou para o fato de que o momento exige responsabilidade de todos os gaúchos:
— As pessoas têm de ter medo. Parece que perderam o medo. Tem de se proteger. Tem de usar máscara. Não é 100% seguro, mas é uma forma de proteção das pessoas. E evitar as aglomerações. O Estado do RS está com mais de 12 mil óbitos. O país hoje registrou a maior média diária de óbitos. Nós, da Região Sul, estamos praticamente na mesma situação. Todo cuidado é pouco.