O Rio Grande do Sul receberá, até fevereiro, 120 mil testes do tipo RT-PCR — o mais indicado para diagnóstico da covid-19 — encaminhados pelo governo federal. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), os testes tiveram prazos de vencimento ampliados em quatro meses e estavam no estoque do Ministério da Saúde. O material estava armazenado em um galpão em Guarulhos (SP) e perderia a validade entre dezembro passado e janeiro deste ano.
O pedido para o envio dos testes ao Rio Grande do Sul partiu da própria secretaria estadual. Desse total, 40 mil foram entregues em dezembro, outros 40 mil neste mês e uma nova remessa deve chegar ao Estado em fevereiro. Questionado, o Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) explicou que não é possível dizer se todos os 120 mil testes serão usado, pois tudo dependerá da "demanda e de como a pandemia irá se comportar nos próximos meses".
— A testagem é fundamental no enfrentamento dessa pandemia. Conseguir isolar os contaminados permite, por exemplo, que um grupo de pessoas siga trabalhando em determinada empresa. Têm muitas pessoas que são assintomáticas e isso amplia ainda mais a transmissão do vírus. Os testes enviados pelo Ministério da Saúde são de excelente qualidade. No entanto, o PCR demanda uma estrutura de laboratório que não é muito simples — opina Ilma Brum da Silva, diretora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O Lacen começou esse tipo de diagnóstico no dia 28 março do ano passado. Desde então, já realizou 123.151 testes PCR até esta quinta-feira (28). Significa dizer que o Rio Grande do Sul receberá, em três meses, o mesmo número de testes que realizou ao longo de 10 meses da pandemia de coronavírus. O número, no entanto, não inclui testes realizados por outros laboratório do Estado. Por dia, são processados até 750 exames no Lacen, que levam de 24 horas a 28 horas para a liberação dos resultados.
Até quinta-feira (28), o estoque da SES contava com 143.369 testes, incluindo os 40 mil já enviados em dezembro. O total inclui ainda 50 mil testes adquiridos pela pela própria secretaria e que têm validade até 2022.
— Já se tentou fazer o máximo de testes possível no Rio Grande do Sul. O problema é que esbarramos na questão da infraestrutura laboratorial, que é caro e difícil de se montar — complementou a especialista.
A coleta do exame PCR detecta o material genético do coronavírus e é feito por meio de um cotonete aplicado na região nasal e faríngea (a região da garganta logo atrás do nariz e da boca) do paciente. Na rede privada, o teste pode ser encontrado a partir de R$ 240.
290 mil testes em três semanas no RS
Os boletins epidemiológicos semanais do Ministério da Saúde informam o salto no envio de testes PCR aos Estados do Brasil desde o início da pandemia. O Rio Grande do Sul saiu de 241 mil exames no boletim nº 44 (entre os dias 27/12/2020 a 2/1/2021) para 531 mil no boletim nº 46 (10 a 16/1), totalizando 290 mil testes a mais em três semanas — aumento de 120%.
GZH questionou o Ministério da Saúde se os 120 mil testes previstos pela pasta estadual já estavam incluídos nesses 290 mil exames enviados ao Estado, como apontam os boletins. Além dos testes enviados para a SES, a pasta federal tem feito remessas diretas para universidades e outras instituições gaúchas. Os questionamentos foram enviados na última terça-feira (26) e não foram respondidos até a publicação desta matéria.
Os boletins apontam que o envio dos testes aos Estados começou a aumentar após a divulgação de que 6,8 milhões de exames estocadas venceriam entre dezembro e janeiro, informação dada em primeira mão pelo jornal O Estado de S. Paulo no final de novembro. Conforme o último boletim, os Estados que receberam o maior número de testes RT-PCR foram São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O RS aparece em oitavo colocado neste ranking.
Testes PCR enviados ao RS pelo Ministério da Saúde
- 241.284 boletim 41 (06 a 12/12/2020)
- 241.284 boletim 42 (13 a 19/12/2020)
- 241.284 boletim 43 (20 a 26/12/2020)
- 241.284 boletim 44 (27/12/2020 a 2/1/2021)
- 331.284 boletim 45 (3 a 9/1/2021)
- 531.284 boletim 46 (10 a 16/1/2021)