Formulado em 1973 por determinação do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) permitiu que, ao longo dos anos, doenças graves fossem controladas e até erradicadas no Brasil por meio da vacinação. Com o programa, o governo distribui anualmente mais de 300 milhões de doses de imunobiológicos nos 42 mil postos públicos de vacinação do país.
Segundo o ministério, são aplicadas, em média, 110 milhões de doses de vacinas todos os anos – o número não inclui as doses aplicadas em campanhas sazonais, como a de influenza ou a de sarampo. O Calendário Nacional de Vacinação tem como público-alvo crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes. Ao todo, são ofertadas 19 vacinas para mais de 20 doenças, cujas aplicações se iniciam no nascimento e estendem-se pelas demais faixas etárias.
Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), relata que o calendário se expandiu nas últimas décadas:
– Nos anos 1970, o calendário de vacinação incluía apenas BCG, poliomielite oral, tríplice bacteriana e sarampo. Hoje, ficamos felizes de disponibilizar gratuitamente 19 vacinas.
Cunha salienta que a imunização é a principal estratégia da saúde pública, que no Brasil tem a vantagem da gratuidade:
– Foram as vacinas que possibilitaram o aumento da expectativa de vida da população brasileira, e com saúde.
O calendário vacinal das crianças é complexo e abrange múltiplas vacinas porque os pequenos têm pouco contato com agentes infecciosos, como vírus e bactérias, não tendo, assim, a produção de imunidade própria. As vacinas ajudam a desenvolver essa produção, explica o chefe da Unidade de Adolescentes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Ricardo Feijó.
Fabrizio Motta, coordenador do Serviço de Infectologia Pediátrica da Santa Casa de Porto Alegre, ressalta que a criança já pode sair da maternidade com duas vacinas: a da hepatite B e a BCG:
– Durante os primeiros seis meses de vida, é praticamente mensal. Depois, tem vacina com nove meses, um ano, e com 15 meses reforços. E tem vacinação para as crianças acima de quatro anos.
Entretanto, mesmo uma criança que tenha completado o calendário, do nascimento até o final da infância, precisará de vacinas na adolescência, pois muitos imunobiológicos não oferecem proteção para a vida toda.
A queda da cobertura vacinal verificada nos últimos anos no Brasil, fruto da hesitação das pessoas, preocupa os especialistas, que citam a volta dos casos de sarampo, uma doença que havia sido eliminada no país, como consequência do problema.
– A vacinação é um ato de cidadania, diz Feijó. – Existe a proteção individual, mas também a coletiva. Muitos indivíduos vacinados possibilitam que a população inteira fique protegida.
Por isso é importante seguir o calendário abaixo:
Todas as vacinas e quando aplicá-las
- BCG
Sigla de Bacilo Calmette-Guérin, a vacina previne tipos graves de tuberculose.
Imunização: por meio de injeção, ao nascer, em dose única. - Hepatite B
Vacina contra a doença viral homônima, que compromete o fígado.
Imunização: são quatro doses, ao nascer, aos dois, quatro e seis meses de vida. A segunda, a terceira e a quarta doses estão incluídas na vacina pentavalente. Para crianças a partir de sete anos, adolescentes e adultos não vacinados no primeiro ano de vida, são recomendadas três doses, com intervalo de um ou dois meses entre primeira e a segunda e de seis meses entre a primeira e a terceira. - Tríplice viral (SRC)
Contra sarampo, caxumba e rubéola, doenças de fácil transmissão.
Imunização: uma injeção após um ano de vida e reforço aos 15 meses de idade, com a vacina tetraviral, que também imuniza contra a catapora. Crianças mais velhas do que isso, adolescentes e adultos (até 29 anos) não vacinados ou sem comprovação de doses aplicadas devem tomar duas doses com intervalo de um a dois meses. Adultos com idades entre 30 e 59 anos devem tomar somente uma dose. - Tetraviral (SCRV)
Contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
Imunização: dose única, aos 15 meses – atua como reforço da tríplice viral. - Poliomielite (VIP)
Previne a contaminação pelo polivírus, que causa a paralisia infantil.
Imunização: na primeira etapa, são três injeções, aos dois, quatro e seis meses. A segunda etapa é por via oral, aos 15 meses e após a criança fazer quatro anos. - Hepatite A
Previne contra aquela que é considerada a versão benigna da hepatite, que causa mal-estar e complicações gastrointestinais.
Imunização: dose única, por meio de injeção, aos 15 meses de vida. - Rotavírus (VORH)
Previne contra um dos principais causadores de diarreias graves, perigosas especialmente para crianças de até cinco anos.
Imunização: aplicada, via oral, em duas doses: aos dois e aos quatro meses de vida. - Varicela monovalente
Previne contra a varicela.
Imunização: aos quatro anos, corresponde à segunda dose do esquema contra a varicela, sendo a primeira dose aplicada aos 15 meses, como parte da vacina tetraviral. - Meningocócica C
Protege contra bactérias causadoras da meningite meningocócica ou bacteriana, que provoca a inflamação da membrana que recobre o cérebro e pode ter sequelas irreversíveis. Há cinco tipos. No Brasil, o mais presente é o C, seguido por B, W e Y. O tipo A não ocorre no país.
Imunização: aplicada em duas doses, aos três e aos cinco meses. Deve ser dada uma dose de reforço após completar um ano de vida. Adolescentes de 11 a 14 anos também devem tomar uma dose ou reforço (a depender da situação vacinal anterior). - Pentavalente
Serve para imunizar contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e outras infecções.
Imunização: aplicada em três doses, no segundo, no quarto e no sexto mês de vida. Depois, são mais duas doses e reforços aos 15 meses e após completar quatro anos. - DTP
Protege contra difteria, tétano e coqueluche.
Imunização: aos 15 meses e aos quatro anos, serve como reforço à pentavalente. - Pneumocócica 10 valente
Protege de doenças causadas por bactérias da família dos pneumococos, entre as quais pneumonia e meningite, além de infecções como rinite, otite e sinusite.
Imunização: aos dois e aos quatro meses, com reforço aos 12 meses. - HPV
Contra o papiloma vírus humano (HPV), doença sexualmente transmissível que causa verrugas nas regiões genitais e pode evoluir para câncer.
Imunização: aos nove anos nas meninas e aos 11 nos meninos, são aplicadas duas doses, com intervalo de seis meses. - Febre amarela
Protege contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Imunização: a dose inicial é aplicada, por meio de injeção, aos nove meses de idade, e o reforço, aos quatro anos.
De acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose pode ser considerada a partir dos nove anos. - Dupla adulto (DT)
Protege contra difteria e tétano.
Imunização: para crianças a partir dos sete anos, adolescentes e adultos com esquema vacinal completo: uma dose a cada 10 anos; para crianças a partir dos sete anos, adolescentes e adultos com: histórico vacinal desconhecido ou não vacinados, três doses. - dTpa Adulto
Protege contra difteria, tétano e coqueluche.
Imunização: uma dose a cada gestação para mulheres ou como reforço a cada 10 anos.
E ainda
Crianças de seis meses a cinco anos devem tomar uma ou duas doses da vacina influenza durante a campanha anual de vacinação da gripe.
Fontes: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
Produção: Jhully Costa