O final do mês de março deve marcar o início de um modelo que busca dar mais agilidade à marcação de consultas com especialistas no Rio Grande do Sul. A partir desta data, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) planeja implementar um novo sistema informatizado que vai centralizar os atendimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
A chamada “fila única” deve começar a ser colocada em prática na 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, que abrange a região de Passo Fundo — alguns detalhes ainda estão sendo ajustados para que isso, de fato, ocorra. Ao longo do ano de 2021, deve ser estendida para todas as 20 regiões de saúde, alcançando todo o Estado.
— A gente espera que até o final do ano esteja tudo implantado, mas vai depender dos desdobramentos da pandemia. Pode sofrer algum atraso. Era para ter iniciado em janeiro, mas, por causa da pandemia, tivemos que postergar para março. Então vamos ter que ir acompanhando — explica o diretor do Departamento de Regulação Estadual da SES, Eduardo Elsade.
O sistema, chamado de Gercon, funciona atualmente para a marcação de consultas dentro de Porto Alegre, tanto para moradores da cidade quanto para pacientes do Interior. Com a expansão do modelo para o restante do Estado, a tendência é de que o deslocamento de pacientes para a Capital diminua.
Qual será a mudança?
Atualmente, cada município tem uma espécie de "cota", um número máximo de consultas de determinada especialidade que podem ser agendadas por mês. As prefeituras fazem a regulação dos pacientes que serão encaminhados para atendimento. Assim, pode acontecer de pacientes menos graves passarem na frente de pacientes que têm mais urgência e necessidade de consultas, já que não há um critério técnico único.
Com o novo modelo, fica estabelecida uma fila única por região e por especialidade — cada área deve ter cerca de cem filas sendo executadas ao mesmo tempo. Todos os municípios devem registrar os pacientes que esperam por determinado tipo de consulta, e eles são classificados conforme a ordem de gravidade. Dependendo da disponibilidade, vão sendo chamados para os atendimentos.
— O paciente vai ver o tempo de espera diminuir. A gente espera um aumento de oferta e maior transparência das filas de espera, e também melhor organização, com a garantia de que pacientes mais graves serão atendidos primeiro — espera Elsade.
Com isso, os pacientes devem ser atendidos prioritariamente em sua região, o que diminuirá a transferência de pessoas para Porto Alegre. Cerca de 10 % de todas as consultas serão reservadas para regiões onde não há oferta de determinada especialidade.
— Cada município, cada hospital, cada serviço tinha o seu critério. Podia até ter vaga na região, mas o paciente era agendado em outro lugar, principalmente em Porto Alegre. Ficava esperando meses ou anos porque a oferta da região não estava regulada.
Muda algo na hora de marcar a consulta?
Para o fluxo de atendimento dos pacientes, a mudança não será tão visível. Ele continuará procurando as unidades de saúde para atendimento e, se for necessário, será encaminhado para consulta com especialista.
No futuro, quando o modelo de fila única estiver totalmente implementado, o objetivo da SES é colocar à disposição um sistema de consulta à população, com acompanhamento do atendimento. Assim, será possível acompanhar o andamento da fila de espera, em um sistema que será guiado pela Lei Geral de Proteção de Dados.