Os laboratórios Serum Institute e Bharat Biotech, da Índia, emitiram nota conjunta na manhã desta terça-feira (5) assegurando o fornecimento global de vacinas contra a covid-19 produzidas no país. O comunicado vem após o CEO do Instituto Serum, Adar Poonawalla, afirmar, no último domingo (3), que não haveria permissão do governo local para a exportação dos imunizantes.
A fala suscitou preocupações no Brasil, já que a vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com Universidade de Oxford, principal aposta do Ministério da Saúde para imunização dos brasileiros, é fabricada em solo indiano. As primeiras 2 milhões de doses, para dar início à vacinação o mais breve possível no país, devem ser importadas da Índia. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve produzir a vacina a partir de 20 de janeiro.
"As duas companhias comunicam a intenção conjunta de desenvolver a produção e fornecimento de vacinas contra a covid-19 para a Índia e o mundo", diz a nota. "Vacinas são um bem de saúde pública global e têm o poder de salvar vidas e acelerar o retorno da economia à normalidade o mais cedo possível", acrescenta. Não há citação específica, contudo, ao imunizante da AstraZeneca e da Oxford.
"Pai" da polêmica, Poonawalla compartilhou o comunicado dos laboratórios em seu Twitter e chamou o suposto veto à exportação das vacinas de "falha de comunicação". "As exportações de vacinas são permitidas para todos os países. (...) Estamos todos unidos na luta contra esta pandemia", publicou.
A possibilidade de veto à exportação por parte do governo indiano preocupou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que articula a importação de 2 milhões de doses prontas do imunizante. O Itamaraty chegou a ser acionado para tentar reverter a situação junto a Nova Délhi.
Pedido da Anvisa
Nesta segunda-feira (4), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pediu à Fiocruz garantias de que vacina de Oxford importada da Índia será a mesma do Reino Unido. Segundo nota da agência, após reunião com a fundação, "para a autorização (de uso emergencial), a Agência precisa avaliar os estudos de comparabilidade entre a vacina do estudo clínico, que é fabricada no Reino Unido, com a vacina fabricada na Índia, bem como os dados de qualidade e condições de boas práticas de fabricação e controle. Ou seja, é necessário entender se o produto do fabricante indiano é semelhante ao fabricado no Reino Unido e que teve os dados clínicos aprovados".
A importação de 2 milhões de doses prontas da AstraZeneca foi autorizada em 31 de dezembro pela Anvisa.
Também nesta segunda-feira, a Fiocruz disse que deveria entrar com o pedido de uso emergencial até esta terça-feira. A afirmação, porém, veio antes da reunião com a Anvisa.