Oito dos 17 hospitais públicos e privados de Porto Alegre estavam com 90% ou mais da capacidade de suas UTIs ocupada nesta segunda-feira (7), mostra painel da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) preenchido pelas próprias instituições. A ocupação total de UTIs da cidade, incluindo pacientes com e sem coronavírus, estava em 90,3%. Operavam com ocupação de 90% ou mais os hospitais Conceição, São Lucas da PUCRS, Mãe de Deus, Cristo Redentor, Santa Ana, Moinhos de Vento, Ernesto Dornelles e Vila Nova – os três últimos funcionavam com 100% da capacidade.
Médicos alertam que a lotação das UTIs é um cenário diferente daquele de anos anteriores, nos quais a alta ocupação ocorria durante o inverno e não nas UTIs, mas nas enfermarias, onde são atendidos pacientes menos graves.
Ao contrário de enfermarias, leitos de UTI não podem superlotar porque a complexidade do atendimento e dos equipamentos impede o acréscimo de pacientes em macas pelos corredores. Além disso, pacientes com coronavírus precisam estar isolados de outras pessoas.
A média móvel de internações críticas na capital gaúcha é de 277 pacientes diários nos últimos sete dias, um indicador que cresce diariamente e atingiu o maior patamar desde 1º de outubro. A média de ocupação das UTIs nesta segunda-feira é 36% maior do que no melhor momento da pandemia após o inverno, em 6 de novembro, e 21% mais alto do que duas semanas atrás.
No total, Porto Alegre tem 788 leitos de UTI para pacientes com e sem coronavírus – apesar do fim do inverno, 40% dessas vagas eram ocupadas por pessoas com suspeita ou confirmação para covid-19.
A maior preocupação de médicos e autoridades neste momento é com a demanda de doentes com coronavírus e de internações por quem fez cirurgias relacionadas a outras doenças, cujo atendimento ficou suspenso no inverno. O risco é de faltarem vagas.
Ter plano de saúde não é garantia de ter leito, pois, assim como no SUS, a capacidade é limitada
PABLO STÜRMER
Secretário de Saúde de Porto Alegre
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o secretário de Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, alertou para o crescimento da circulação do vírus e afirmou que mesmo a população com plano privado não está mais segura do que quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS).
— Ter plano de saúde não é garantia de ter leito, pois, assim como no SUS, a capacidade é limitada — afirmou o secretário.
No sábado, a Região Metropolitana operava com 100% das UTIs de hospitais privados lotadas, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Nesta segunda-feira, os dados apontam que o uso chegou a 103,4%.
Entretanto, os números contrastam com os dados da prefeitura da capital gaúcha – conforme painel da SMS, há instituições privadas que não estão lotadas. O Mãe de Deus, por exemplo, operava com 95% da capacidade.
As estatísticas do governo do Estado mostram outro dado preocupante: 99,7% dos leitos de UTI de instituições privadas de todo o Rio Grande do Sul estavam em uso. Os dados ainda apontam que a ocupação de hospitais privados da Região dos Vales chegou a 153% e, na Região Sul, a 152%.
A reportagem procurou a SES e questionou se a ocupação acima de 100% significa que hospitais abriram algum leito novo de UTI que não fora contabilizado pelo governo ou se hospitais estão acomodando pacientes em caso grave apesar de não terem um leito específico já reservado.
Em nota, a SES afirma: “A Central de Regulação da SES informa que quando um hospital está acima de 100% de ocupação de leitos Covid é porque internou pacientes em UTI Geral (em leitos de isolamento) ou em UTI Intermediária (em geral anexas das Emergências). Tudo isso é normal e faz parte do fluxo normal do Sistema Hospitalar”.