Econômica e fácil de armazenar. Estas são algumas das características da aguardada vacina contra covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e da Universidade de Oxford, aprovada nesta quarta-feira (30) pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA, na sigla em inglês) do Reino Unido.
No Brasil, que tem o imunizante como principal aposta do governo no combate à pandemia, já com acordo firmado para distribuição nacional, ainda não houve pedido de uso emergencial ou definitivo à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vacina será produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que prevê o início da produção em 20 de janeiro e a entrega das primeiras doses em 8 de fevereiro de 2021.
Saiba mais sobre o produto aprovado no Reino Unido:
Prática
A vacina AstraZeneca/Oxford tem a vantagem de ser mais acessível economicamente. Cada dose custa US$ 3,40 — o equivalente a cerca de R$ 17.
Além disso, o fármaco pode ser conservado na temperatura de um refrigerador, entre 2°C e 8°C, ao contrário das vacinas da Moderna e Pfizer/BioNTech, que no longo prazo podem ser armazenadas apenas a temperaturas muito reduzidas (-20°C no primeiro caso e -70°C no segundo). Isto facilita uma vacinação em larga escala.
Eficaz
O diretor-executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou que a vacina é capaz de combater a nova variante do coronavírus, responsável por um novo surto de casos no Reino Unido. Ele disse também que serão preparadas novas versões, em caso de necessidade.
"No momento, consideramos que deve ser eficaz contra a mutação", declarou Soriot ao jornal Sunday Times. "Mas não podemos ter certeza, então faremos testes", completou.
Produto britânico
O imunizante foi elaborado pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. Esta é a segunda vacina aprovada pela MHRA, após a da Pfizer/BioNTech, aplicada no Reino Unido desde 8 de dezembro em mais de 600 mil pessoas.
O Reino Unido, um dos países da Europa mais afetados pela pandemia, com mais de 71 mil mortes, encomendou 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford, e 40 milhões estarão disponíveis até o fim de março. A vacinação deve começar em 4 de janeiro.
A AstraZeneca afirma que será capaz de produzir 3 bilhões de doses para todo o mundo em 2021.
Chimpanzés
A vacina AstraZeneca/Oxford é de "vetor viral": toma como base outro vírus (um adenovírus de chimpanzé) que foi transformado e adaptado para combater o coronavírus.
É a primeira vacina que teve os resultados de eficácia validados por uma revista científica. De acordo com os dados publicados pela The Lancet em 8 de dezembro, o fármaco "é seguro e eficaz".
Dos 23.754 voluntários que participaram dos testes, apenas um paciente vacinado sofreu um "efeito indesejável grave que provavelmente está relacionado" com a injeção, de acordo com os dados publicados pela revista.
O caso foi de mielite transversa (um transtorno neurológico raro), o que motivou a suspensão temporária dos testes em setembro.
Erro de dosagem
Nos resultados parciais dos testes clínicos, o laboratório britânico anunciou em novembro que a vacina tinha média de eficácia de 70%, enquanto as da Pfizer/BioNTech e Moderna superam os 90%.
A eficácia da vacina AstraZeneca/Oxford alcança 90% para os voluntários que inicialmente receberam meia dose e um mês mais tarde uma dose completa; mas apenas de 62% para outro grupo que foi vacinado com duas doses completas administradas com um mês de intervalo.
A injeção de meia dose aconteceu por erro e apenas um pequeno grupo seguiu este protocolo, o que gerou críticas e preocupação. Isto levou a empresa a anunciar em 26 de novembro um "estudo adicional" para verificar os resultados.
"Acreditamos que encontramos a fórmula vencedora e como obter uma eficácia que, com duas doses, está à altura das demais", disse Soriot ao Sunday Times.