A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA) do Reino Unido aprovou a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo grupo britânico AstraZeneca com a Universidade de Oxford, com a qual as autoridades esperam acelerar a campanha de vacinação que começou no início de dezembro. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (30).
Com a decisão, o Reino Unido é o primeiro país a aprovar esta vacina, mais barata e com distribuição menos complexa. Segundo o jornal The New York Times, trata-se de uma autorização para uso emergencial.
No Brasil, que tem na vacina de Oxford sua principal aposta do governo no combate à covid-19, já com acordo firmado para distribuição nacional, ainda não houve pedido de uso emergencial ou definitivo à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante será produzido em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que prevê o início da produção em 20 de janeiro e a entrega das primeiras doses em 8 de fevereiro de 2021.
Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta segunda-feira (28), o presidente da Fiocruz, Marco Krieger, disse que a fundação deve fazer o pedido de registro da vacina junto à Anvisa entre esta semana e a próxima. O contrato entre Fiocruz e AstraZeneca prevê a aquisição de 100,4 milhões de doses prontas até julho, outras 110 milhões até dezembro, e a transferência de tecnologia da vacina, ou seja, o Brasil terá autonomia de produção do imunizante – a fundação deve produzir 210 milhões de doses.
A luz verde no Reino Unido "acontece após rigorosos testes clínicos e uma análise profunda dos dados apresentados pelos especialistas da MHRA, que concluíram que a vacina responde às estritas normas de segurança, de qualidade e de eficácia", disse, em comunicado, um porta-voz do Ministério da Saúde.
"É uma notícia fantástica - e um triunfo para a ciência britânica - que a vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca foi aprovada para uso. Vamos nos encaminhar para vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível", escreveu o primeiro-ministro, Boris Johnson, no Twitter.
O Reino Unido encomendou 100 milhões de doses do imunizante, mas, até o fim do ano de 2021, deve receber 350 milhões de doses de diversos fármacos, de acordo com os contratos assinados com fabricantes desde a fase dos testes clínicos.
Esta é a segunda vacina aprovada pela MHRA, depois do produto da Pfizer/BioNTech, que já foi aplicada em mais de 600 mil pessoas desde 8 de dezembro.
A vacina da AstraZeneca/Oxford é muito aguardada por razões práticas: é menos onerosa do que a da Pfizer/BioNTech e pode ser conservada em refrigeradores convencionais, sem a necessidade de uma preservação a -70°C — precisa apenas de refrigeração normal, entre 2°C e 8°C.
Conforme o New York Times, um órgão consultivo do governo britânico orientou os médicos para que administrem a primeira dose do imunizante "ao maior número possível de pessoas" sem reservar suprimentos para as segundas doses planejadas. Assim, em vez de administrar duas injeções em um mês, os médicos vão aguardar até 12 semanas entre as duas doses — decisão que se aplica também à vacina da Pfizer.
O Reino Unido, um dos países da Europa mais afetados pela pandemia, com mais de 71 mil mortos, enfrenta o aumento das infecções atribuído a uma variante do vírus, que teria, segundo um estudo britânico, uma capacidade de contágio superior em 50 a 74%.