Após ser inaugurado em 15 de junho, o novo anexo do Hospital Independência, construído após a doação de R$ 10,4 milhões pelas empresas Gerdau, Ipiranga e Zaffari, segue focado exclusivamente em atender pacientes com covid-19. Passados quatro meses desde que abriu as portas, a nova ala já recebeu 432 pacientes.
O prédio, informalmente chamado de "novo hospital de Porto Alegre", fica na Avenida Antônio de Carvalho, no bairro Jardim Carvalho. Há 60 leitos disponíveis para atendimento exclusivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O foco são pacientes de média complexidade que estavam em estado grave em outros hospitais e melhoraram ou que entraram em postos de saúde e pioraram, sem precisar de respiração mecânica – não são, portanto, leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A nova ala é administrada pela Rede de Saúde Divina Providência, por meio do Hospital Divina Providência, com recursos da prefeitura da capital gaúcha. O gerente-administrativo do Hospital Independência, Fabiano Araujo, explica que, apesar de a pandemia perder força na cidade, o anexo segue focado em covid-19, caso haja aumento de casos com a flexibilização das atividades.
O objetivo, durante a pandemia, é dar retaguarda a Hospital de Clínicas, Hospital Conceição e postos de saúde. Após haver redução sustentada nos atendimentos, a ala será entregue para a cidade para tratar pacientes com problemas de traumatologia e ortopedia, um gargalo porto-alegrense. Ficarão, portanto, como legado à cidade.
— A gente continua com a unidade montada e exclusiva para covid. A ideia é migrar para ortopedia e traumato de forma gradativa, de acordo com a pandemia. Em termos de projeção, isso deve ocorrer entre fim de novembro e dezembro, com a perspectiva de mudança de temperatura — diz Araujo.
Como o foco da nova ala segue 100% em atender pacientes com coronavírus, o repasse de verba pela prefeitura e o número de funcionários atuando na ala (cem foram contratados) se mantêm.
Em média, entram cem novos pacientes por mês, mas a nova ala em nenhum momento chegou a ser plenamente ocupada – no auge, entre fim de agosto e início de setembro, 36 dos 60 leitos estavam ocupados. O Hospital Independência também ganhou 10 leitos de UTI, para os quais pacientes da nova ala podem ser transferidos se tiverem piora.
— A gente tem acompanhado que muitos hospitais têm fechado suas unidades (exclusivas para covid), mas algumas estruturas precisam seguir montadas, até por uma eventual mudança na pandemia. Nossa preocupação é manter a estrutura pronta e poder responder, se isso ocorrer — acrescenta o gerente-administrativo do Hospital Independência.
A pandemia de covid-19 perde força com o fim do inverno: na última semana, a ocupação de leitos de UTI por pacientes com coronavírus caiu 12%, o menor patamar dos últimos três meses.
Ao mesmo tempo, Porto Alegre registrou 1.134 mortos pelo novo coronavírus, mais do que países como Paraguai, Hungria, Austrália e Dinamarca. Em termos proporcionais, a mortalidade é próxima ao registrado na França.
Qual foi o diferencial deste anexo do Hospital Independência?
O diferencial do anexo ao Hospital Independência foi a articulação do grande empresariado de Porto Alegre para inaugurar um local nos moldes de um hospital de campanha em apenas 30 dias.
O objetivo era contribuir para que nenhum porto-alegrense com coronavírus ficasse desassistido, além de deixar uma estrutura para o pós-pandemia – algo que não seria possível com um hospital de campanha, que precisa ser desmontado.
Foram investidos R$ 10,4 milhões doados pelas empresas Gerdau (R$ 4,2 milhões), Ipiranga (R$ 4,2 milhões) e Zaffari (R$ 2 milhões), com consultoria do Hospital Moinhos de Vento. O espaço é 100% de atendimento pelo SUS e ficará como herança para os porto-alegrenses.