Portugal decretou estado de calamidade, nível de alerta que permite às autoridades medidas de exceção para conter a segunda onda da pandemia. Reuniões na via pública vão ser limitadas a cinco pessoas, e eventos familiares, como casamentos e batizados, não poderão exceder 50 pessoas. A França também reimpôs restrições, com toque de recolher em Paris e outras cidades entre 21h e 6h.
Como na primeira onda, a Europa é uma espécie de preâmbulo do que poderemos vivenciar do lado de cá do Atlântico. A expectativa é de que, quando (e se) a segunda onda chegar ao Brasil, já se tenha uma vacina segura e eficaz. Mas, na dúvida, é bom olhar para o que ocorre lá.
Veja fatores que aceleraram o aumento dos casos.
1 Verão
Com o relaxamento das medidas de restrição, os voos foram retomados. Muitas pessoas se deslocaram durante a estação, como de hábito, para as nações mediterrâneas, como França, Espanha, Itália e Portugal.
Na Espanha, regiões turísticas como Aragão, Catalunha e Navarra apresentam alta de casos. Alemanha e Reino Unido decidiram reimpor restrições aos viajantes. A UE unificou as medidas. O Centro de Prevenção e Doenças da Europa deve publicar semanalmente um mapa com a situação nos países, seguindo código de três cores: verde, laranja e vermelho – semelhante ao adotado no Rio Grande do Sul. Viajantes originários de área vermelha ou laranja poderão ser obrigados a realizar quarentena ou testes.
2 Mobilidade
A maioria das nações amenizou seus confinamentos durante o verão para começar a reativar as economias. Houve retomada da mobilidade de forma geral. O slogan de um programa da Comissão Europeia para estimular o turismo dá a pista sobre a sensação: “A Europa precisava de uma folga”. O turismo representa 3,9% do PIB do bloco e foi duramente atingido pela pandemia. Agendas de eventos e atrações turísticas deram as caras, além de praias cheias de banhistas ansiosos após três meses de isolamento.
3 Relaxamento social
Houve relaxamento, de forma geral, em medidas essenciais, como o uso de máscara, lavar e desinfetar as mãos várias vezes ao dia e manter distanciamento. Após meses de confinamento, é natural que as populações estivessem cansadas.
4 Aglomerações
Embora festas que reúnem milhares de pessoas tenham sido canceladas, como as touradas de São Firmino, em Pamplona, e a parada do orgulho LGBT+, em Madri, informalmente, centenas de pessoas se reuniram em ruas, praças e praias. As aglomerações ao redor dos bares, em festas e balneários é, em parte, responsável pela alta de casos. Diversão noturna é apontada como um dos principais problemas. Agora, bares e pubs foram os primeiros a voltar a serem fechados (na Catalunha, por exemplo) ou obrigados a encurtar o expediente (em Paris). A Irlanda do Norte impôs as medidas mais duras do Reino Unido. Junto à atual proibição de reunir-se em ambientes internos com familiares e amigos com quem não se conviva, todos os bares e restaurantes, além de salões de beleza, barbearias e massagem, fecharão por quatro semanas.
5 Jovens
Diferentemente da primeira onda, quando os idosos foram os mais atingidos, a transmissão está alta entre “jovens adultos” – parcela da população que socializa com maior frequência, aventura-se em bares, restaurantes e outros locais públicos. Muitos também deixaram o home office e voltaram a trabalhar ou a estudar presencialmente, o que aumenta a circulação do vírus. São os jovens também que mais dividem residências na Europa