O presidente da França, Emmanuel Macron, decretou toque de recolher noturno em nove cidades do país — incluindo Paris — por pelo menos um mês, para conter um novo aumento do número de casos de coronavírus. A medida, que vale a partir de sábado (16), deverá afetar quase um terço dos 67 milhões de franceses.
— A situação é preocupante, mas não está fora de controle. Estamos vivendo uma segunda onda que está afetando toda a Europa — disse Macron, em entrevista na TV, algumas horas depois de o governo decretar estado de emergência sanitária em todo o país.
— O toque de recolher durará quatro semanas e iremos ao Parlamento para prorrogá-lo até 1º de dezembro. Seis semanas é o tempo que acreditamos ser necessário — afirmou.
O toque de recolher será aplicado entre 21h e 6h. As pessoas que não cumprirem a medida receberão multa de 135 euros (cerca de R$ 887).
Além de Paris, a medida se aplicará a Lille, Grenoble, Lyon, Marselha, Montpellier, Rouen, Toulouse e Saint-Etienne. Segundo Macron, as pessoas sob o toque de recolher devem esquecer visitas noturnas a restaurantes ou casas de amigos. Durante o dia, segundo ele, a vida dos franceses não mudará.
— Continuaremos trabalhando, nossa economia precisa disso, nós precisamos, nossos filhos continuarão a ir para a escola — explicou Macron, afirmando que também não haverá restrições de movimento dentro da França.
O Ministério da Saúde francês anunciou na quarta-feira 22.950 novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas — quase o dobro do que foi registrado na terça (13). De acordo com o governo, 32% dos leitos de terapia intensiva do país estão ocupados por pacientes com covid-19.
Restrições em Portugal
O governo de Portugal decretou na quarta-feira estado de calamidade em razão do aumento dos casos de covid-19. A medida passará a valer a partir da meia-noite desta quinta.
As autoridades anunciaram também que enviarão uma projeto de lei ao parlamento que obriga o uso de máscara em vias públicas e a utilização de um aplicativo para rastrear contatos de pessoas contaminadas.
O total de diagnósticos diários tem aumentado todos os dias e na quarta atingiu seu recorde desde o início da pandemia, com 2.072 novas infecções — na semana passada, esse número não passou de 1,4 mil. No total, o país, que tem 10 milhões de habitantes, já registrou 91.193 casos confirmados e 2.117 mortes.
Pelas novas regras, celebrações como casamentos e batismos poderão ter a participação de, no máximo, 50 pessoas, que deverão respeitar as diretrizes de distanciamento social. Em entrevista, na semana passada, a diretora-geral de saúde, Graça Freitas, disse que esse tipo de evento é o responsável por quase 70% dos casos reportados nos últimos dias.
Ainda conforme o governo, não serão permitidas reuniões de outros tipos com mais de cinco pessoas — o limite anterior era 10. Festas universitárias — como calouradas, chopadas e trotes — estão vetadas.
— Podemos qualificar a evolução da pandemia no nosso país como grave — disse o primeiro-ministro português, António Costa. — Portugal não é exceção — afirmou, ao falar do agravamento da pandemia em toda Europa.