O aumento das contaminações por coronavírus na Europa obrigou países a retomarem restrições mais severas para tentar conter uma segunda onda de casos da covid-19. O conjunto de medidas marca um recuo no processo de flexibilização do confinamento iniciado em meados de maio em grande parte do continente, após a primeira onda — que atingiu sobretudo Espanha, Itália, França e Reino Unido.
Desde o início da pandemia, segundos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa registrou mais de 5,8 milhões de casos oficiais e quase 235 mil mortes provocadas pela covid-19. Na terça-feira (6), a organização pediu aos governos que lutem contra a crescente "fadiga" da população a respeito da pandemia e das restrições impostas.
No mundo, as mortes causadas pelo coronavírus chegaram a 1.037 milhão, e os casos superaram 35,2 milhões. Os países com mais óbitos são Estados Unidos, com 210 mil, Brasil, com 147 mil, e Índia, com 100 mil.
Confira as medidas adotadas pelos países europeus nos últimos dias:
Espanha
Na Espanha, novas restrições foram anunciadas no último dia 30, o que forçou a capital, Madri, a uma espécie de lockdown desde a sexta-feira (2). Com 850 infecções de covid-19 por 100 mil pessoas, a cidade tem a taxa de contágio mais alta da Europa.
Entre as medidas adotadas está a exigência de que pessoas fiquem em casa, exceto para ir ao trabalho, às aulas e para cumprir obrigações legais ou levadas a sair em circunstâncias extremas. Os encontros ficarão restritos a no máximo seis pessoas, em espaços públicos ou privados.
República Tcheca
Passados quatro meses, a República Tcheca, que deu exemplo ao mundo ao domar o coronavírus, vive, agora, o drama do ressurgimento da doença. Nesta quarta-feira, registrou 4.457 novas infecções em 24 horas, o maior número de casos diários desde o início da pandemia, em março.
O novo recorde eleva a taxa acumulada nas últimas duas semanas para 327 por 100 mil habitantes, superando a Espanha — a maior da União Europeia (UE).
Para conter o avanço do coronavírus, bares e restaurantes estão fechando mais cedo e o uso de máscara voltou a ser obrigatório em todos os espaços públicos fechados e nos meios de transporte. Várias escolas atrasaram o início do ano letivo devido a surtos, que obrigaram professores a entrar em quarentena.
Bélgica
A cidade de Bruxelas, na Bélgica, determinou, nesta quarta-feira, o fechamento de todos os bares e cafés pelo período de um mês, a partir de quinta, em um esforço para tentar conter a pandemia da covid-19.
De acordo com autoridades regionais, os locais onde as refeições são servidas à mesa podem permanecer abertos, mas espaços públicos destinados ao consumo de bebidas alcoólicas ficarão fechados até 8 de novembro nas 19 comunas da capital belga. Salões de festas devem permanecer fechados.
França
A capital francesa começou a aplicar, na terça-feira, novas medidas para frear o avanço da epidemia de covid-19, como o fechamento de bares e condições mais restritivas nos restaurantes, que devem prosseguir por no mínimo duas semanas.
Os restaurantes devem respeitar o limite máximo de seis pessoas por mesa, com os grupos separados por no mínimo um metro. O estabelecimento precisa registrar os dados dos clientes para o eventual contato em caso de contágio e todas as mesas devem disponibilizar álcool gel.
Outras medidas incluem o fechamento de feiras, salões profissionais e circos, assim como limites de acesso em centros comerciais e grandes armazéns a um cliente para cada quatro metros quadrados de superfície do local. Nas universidades, os anfiteatros só poderão receber 50% dos estudantes. Os ginásios esportivos permanecem fechados.
Rússia
Na Rússia, o número de contaminações diárias atingiu na segunda-feira o mais alto índice desde 12 de maio, com 10.888 novos casos — sendo 3.537 na capital, Moscou. As escolas na metrópole russa e nas regiões de Ulyanovsk e Sakhalin devem voltar com o ensino online em breve devido ao aumento nos casos.
Autoridades de Moscou informaram que vão reabrir dois hospitais temporários contra a covid-19 e pediram para que pessoas com mais de 65 anos e com doenças crônicas fiquem em casa. O Kremlin disse que não tem planos para impor um lockdown nacional na Rússia para conter o aumento dos casos.
Alemanha
No último dia 29, o governo da Alemanha anunciou que irá limitar o número de participantes em festas, em espaços públicos e privados, dependendo da evolução do índice de infecções por coronavírus para lutar contra um novo surto da pandemia no país. A primeira-ministra, Angela Merkel, advertiu que os novos casos — quase 2 mil diários atualmente — poderiam subir para 19,2 mil até o Natal se a tendência persistir.
A Alemanha registra mais de 285 mil casos de covid-19 e quase 10 mil mortes, de acordo com dados oficiais.
Irlanda
A Irlanda está à beira de um segundo confinamento nacional, depois que a saúde pública recomendou no domingo (4) que o país passasse para o nível mais alto de restrições, que implica medidas similares às adotadas durante o confinamento de março.
Com menos de 5 milhões de habitantes, a Irlanda registra 1.810 mortes confirmadas por covid-19 e 38.032 casos. Depois de registrar o recorde de 77 mortes em apenas um dia em abril, o número de óbitos por coronavírus na Irlanda permanece baixo, mas os contágios dispararam como no restante da Europa.