Uma possibilidade de segunda onda da pandemia, semelhante à que agora assusta a Europa, não chega a preocupar as autoridades em saúde da capital gaúcha. A avaliação, na prefeitura, é de que a forma como a curva de contágio se comportou em Porto Alegre deve evitar um novo pico muito agressivo.
– Não dá para fazer comparações com outros países, porque a distribuição dessa doença tem se mostrado diferente em vários pontos do mundo, inclusive dentro de cada país – diz o secretário municipal adjunto de Saúde, o epidemiologista Natan Katz.
Por aqui, depois de um crescimento alarmante em junho – quando as atividades foram fechadas pela segunda vez em Porto Alegre –, a cidade vivenciou uma situação considerada positiva. Durante dois meses, entre julho e agosto, a Capital manteve uma estabilização no número de novos casos, mas dentro de um patamar elevado.
Ou seja: havia bastante gente se contaminando, os leitos de UTI estavam quase todos ocupados, mas não a ponto de colapsar o sistema de saúde. Só agora, em setembro, é que o número de internados em UTIs começou a baixar. Segundo Natan Katz, a quantidade de pessoas infectadas nesses 60 dias teria sido suficiente para gerar uma boa taxa de pessoas imunes ao vírus.
Em algumas cidades da Europa, a situação foi diferente: houve um pico muito violento de infectados no início da pandemia, com o sistema de saúde logo entrando em colapso. A população, então, foi para dentro de casa, e a curva de contágio acabou sendo achatada abruptamente.
Nesses locais, conforme o secretário adjunto, o percentual de pessoas imunes ao vírus tenderia a ser menor – e a hipótese de uma segunda onda eclodir, embora sempre menos agressiva do que a primeira, seria mais provável.
– Aqui em Porto Alegre, é possível que tenhamos um aumento no número de casos nas próximas semanas, conforme o movimento cresce na cidade, mas acho difícil termos um segundo pico – afirma Natan.