Na corrida em busca da imunização contra a covid-19, o Rio Grande do Sul está na rota de três estudos de testagem de vacinas. Duas delas são consideradas as mais promissoras contra o coronavírus: a chinesa Sinovac, em teste desde agosto no Hospital São Lucas da PUCRS, e a da Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, ainda sem detalhes de quando iniciam-se as aplicações das doses em solo gaúcho. Os testes serão conduzidos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e no Hospital Universitário de Santa Maria.
Há uma semana, os hospitais Nossa Senhora da Conceição e Clínicas, ambos em Porto Alegre, anunciaram que foram escolhidos para participar do estudo com a vacina desenvolvida pela farmacêutica belga Janssen, do grupo Johnson & Johnson. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em agosto, os testes da fase 3 dessa vacina. Diferentemente das outras testadas no Brasil, essas doses não serão exclusivas para profissionais da saúde.
No caso do Conceição, o início do recrutamento para participação na fase 3 da pesquisa, no entanto, depende da liberação do comitê de ética da instituição — o estudo já tem o aval da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Em nota nesta quarta-feira (16), o Grupo Hospital Conceição (GHC) disse que só irá se manifestar sobre o tema após a reunião do comitê.
Já o Hospital de Clínicas, por meio de nota, revela que "o projeto tramita no Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA. Após esta fase, alinhado ao laboratório responsável pela pesquisa, e em respeito às cláusulas de confidencialidade do estudo, o HCPA comunicará novas informações relativas a quem poderá se voluntariar, cronograma de ações e total de participantes".
Sinovac
A CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac, foi a primeira vacina a ser testada no Rio Grande do Sul. Os voluntários do Estado começaram a receber a aplicação no Hospital São Lucas no dia 8 de agosto. A pesquisa, coordenada no país pelo Instituto Butantan, vai contar com a participação de 852 voluntários na Capital e mais centenas de participantes em outros 11 centros de pesquisas brasileiros, totalizando 9 mil pessoas.
Todos os voluntários são profissionais da saúde que estão trabalhando no atendimento de pacientes da covid-19. De acordo com a instituição, as inscrições para participar do estudo seguem abertas. Ao todo, 5,3 mil estão cadastrados, sendo que cerca de 500 já receberam as doses. Informações sobre o estudo e como participar podem ser encontradas aqui.
Oxford
Nesta semana, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que coordena os testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, comunicou a ampliação da pesquisa. O Rio Grande do Sul entrou na rota da testagem através do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Hospital Universitário de Santa Maria, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Pelo menos 2 mil voluntários gaúchos são esperados para integrar a pesquisa que avalia a eficácia da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela universidade inglesa em parceria com o laboratório AstraZeneca. A estimativa é da cientista Sue Ann Costa Clemens, coordenadora dos ensaios clínicos no Brasil.
Ainda não foi detalhado, no entanto, quando começam as inscrições de voluntários e quando se iniciam as aplicações das doses, como também quais os critérios para poder participar do programa.
Janssen
Os hospitais Conceição e Clínicas realizarão os testes da vacina Ad26.COV2.S, criada pelo laboratório belga Janssen Pharmaceuticals. As aplicações ainda não têm data para começar. Em entrevista à Rádio Gaúcha na semana passada, o chefe do Serviço de Infectologia do Conceição, Breno Santos, disse que a instituição tem capacidade de receber até 2 mil voluntários e que os testes não serão restritos aos profissionais de saúde. O único pré-requisito é ser maior de 18 anos.
Questionado sobre a quantidade de doses, o médico afirmou que existe um planejamento para a aplicação de duas doses. De acordo com ele, os interessados em participar da pesquisa no Conceição podem entrar em contato pelo número (51) 3341-5316.
— Essa vacina tem um planejamento e um acompanhamento muito sofisticados, por uma indústria já com um passado extenso em vacinação, então é muito maior a chance de ser efetiva — disse.