A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou nesta sexta-feira (4) uma pesquisa nacional que se propõe a conhecer melhor o processo de trabalho das equipes de saúde da família durante o período de pandemia do coronavírus, bem como suas condições para o exercício da profissão, como acesso à equipamento de proteção individual (EPI), entre outros.
O levantamento chamado Análise do processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família na pandemia de covid-19 será feito de maneira online e está disponível neste link até dia 15 de novembro. Ele é feito em parceria da Fiocruz Ceará com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
No estudo, serão observados aspectos como novas rotinas de serviços durante a pandemia, formas de atenção prestada a suspeitos e doentes com a covid-19, práticas de promoção da saúde para proteção à doença e práticas de vigilância para seu monitoramento e mitigação.
Além disso, a pesquisa tentará mapear as medidas de proteção individual, familiar, domiciliar e ocupacional dos profissionais das equipes de saúde da família, explica Ivana Barreto, pesquisadora da Fiocruz Ceará e coordenadora do levantamento:
— A atenção primária à saúde é a principal forma de as pessoas entrarem em contato com o Sistema Único do Saúde (SUS), 80% da população busca em postos de saúde atendimento quando está com algum problema. Sem ela, a gente não consegue conter a pandemia, porque são esses profissionais que orientam as comunidades, isolam suspeitos, encaminham para hospitais etc. Por isso, precisamos saber o nível da capacitação deles e treiná-los para entrarem em ação de maneira certeira.
Apesar de ficar disponível até meados de novembro, conforme as respostas forem sendo computadas, seus resultados serão organizados, divulgados e apresentados tanto para gestores públicos, quanto para os profissionais da saúde, informa a coordenadora do levantamento.
— Esses relatórios parciais serão mostrados para que as equipes de saúde possam ir fazendo os ajustes necessários nos processos de trabalho. Posteriormente, quando tudo for finalizado, os resultados poderão servir de subsídio para políticas públicas a nível federal, estadual e municipal.
Além do protocolo aplicado no atendimento à população, o estudo tem como objetivo ainda mapear as condições de trabalho destes profissionais da saúde básica. Vale destacar que, de acordo com informe divulgado pela Anistia Internacional, nesta quinta-feira (3), o Brasil registrou 634 mortes de profissionais da saúde por coronavírus durante a pandemia, tornando-se, assim, a quarta nação mais óbitos.
Para superar essa marca, Ivana aponta a solução:
— Primeiramente, é preciso treinar essas pessoas, fornecer EPIs de qualidade e testar. Durante um tempo, a produção de EPIs se concentrou e ficou retida na China e isso afetou os outros países. O Brasil vem tentando superar isso, mas falta uma coordenação nacional para proteção das equipes primárias.