Surge mais um alerta para formas graves da covid-19 que acometem crianças e adolescentes. Febre e problemas gastrointestinais (dores na região do abdômen, vômitos e diarreia) podem ser sinais de um quadro de infecção severa por coronavírus, de acordo com estudo liderado por Arnaldo Prata Barbosa, coordenador de pesquisa em pediatria do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor), no Rio de Janeiro.
A doença raramente apresenta formas críticas em crianças, mas, quando elas adoecem, podem sofrer com a síndrome inflamatória multissêmica pediátria (SIM-P), que ataca mais de um órgão simultaneamente e vem sendo acompanhada com preocupação por especialistas. A enfermidade pode deixar sequelas e até mesmo provocar a morte. O Rio Grande do Sul já registrou casos.
— A mensagem é que os pais devem estar atentos não somente a sintomas respiratórios. Na SIM-P, sintomas gastrointestinais são mais comuns. Uma criança com febre e dor abdominal precisa ser avaliada para SIM-P, ter o coração examinado — salientou Barbosa em entrevista ao jornal O Globo.
A pesquisa reuniu estudiosos de outras 13 instituições do país, entre elas a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Foram analisados os casos de 79 crianças e adolescentes, com idades entre um mês e 19 anos, internados em unidades de terapia intensiva (UTIs).
A SIM-P afeta coração, rins, fígado, intestino, cérebro, pele e baço. Entre os principais sintomas, estão febre persistente por mais de três dias, olhos avermelhados (uma conjuntivite sem pus), lábios também avermelhados e, em alguns casos, com rachaduras, pele com manchas avermelhadas ou arroxeadas e prostração.
Em agosto, a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou nota de alerta solicitando que os médicos ficassem atentos aos casos e notificassem o Ministério da Saúde. “Crianças e adolescentes com SIM-P podem apresentar rápida progressão para formas graves da doença. Desta forma, o manejo oportuno em locais com infraestrutura e equipe pediátrica multiprofissional – incluindo emergencistas, intensivistas, cardiologistas, infectologistas, reumatologistas, imunologistas, nefrologistas, neurologistas, gastroenterologistas e hematologistas – assume fundamental importância para um melhor prognóstico destes casos”, destacou o texto.