- Nas últimas semanas, uso das UTIs por coronavírus na capital gaúcha crescia, mas ritmo perdia força
- Nos últimos sete dias, tendência foi revertida, e velocidade do crescimento passou a aumentar
- Cenário ocorre em meio à decisão da prefeitura de retomar atividades comerciais
Após a ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por pacientes com coronavírus bater recorde na segunda-feira (10), Porto Alegre viu o cenário melhorar discretamente nesta terça (11). Havia 333 pacientes confirmados para coronavírus, dois a menos do que no dia anterior. A lotação também diminuiu, de 90,6% para 89,9%. Contudo, uma importante mudança ganhou lugar: nos últimos sete dias, cresceu o ritmo da demanda por vagas.
Ao longo das últimas três semanas, Porto Alegre observava o aumento na demanda por vagas de UTI, mas o crescimento dessa procura perdia velocidade dia após dia – o fenômeno era visto com bons olhos por analistas. Na metade de julho, por exemplo, a média de leitos de UTI em uso subira 13,7% em uma semana para crescer apenas 3,5% na semana seguinte.
Nos últimos sete dias, contudo, a média diária de internados em UTIs cresceu 5,9%, sendo que, na semana anterior, o aumento fora de 3,4% (veja o infográfico a seguir).
— Os números mostravam que havia uma desaceleração no uso de leitos UTI. Agora, isso está se invertendo, e o crescimento está sendo maior do que nas semanas anteriores, o que mostra uma aceleração. É uma aceleração pequena ainda, pode ser uma flutuação, mas tem que ficar atento, porque acontece em meio à reabertura das atividades — afirma o doutor em matemática Álvaro Krüger Ramos, professor do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na Região Metropolitana, dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES) apontam que a ocupação de UTIs é a maior dos últimos 17 dias.
Nesta terça-feira (11), oito hospitais da capital gaúcha trabalhavam com lotação acima de 90%, sendo que Moinhos de Vento, Independência e Restinga atingiram o limite máximo. O Hospital Divina Providência era o único que não havia atualizado as informações até o fim da tarde.
Pacientes confirmados e com suspeita para covid-19 ocupavam, juntos, 42% de todos os 827 leitos livres em Porto Alegre. O cenário ocorre apesar de a cidade ter expandido pela metade o número de vagas de leitos intensivos em relação a antes da pandemia e de hospitais cancelarem cirurgias não emergenciais.
Na Capital, as mortes mantiveram relativa estabilidade: entre quinta-feira passada e a anterior, a média diária de vítimas era de 11,4 – duas semanas atrás, era de 11,2, e, na segunda quinzena de julho, 9,4.
Decisões de liberação de atividades comerciais, como as tomadas nesta segunda-feira pelo prefeito Nelson Marchezan, levam de duas a três semanas para surtirem efeito. O prazo previsto para esgotar o total de leitos foi postergado em dois dias, para 30 de agosto.
Colaborou Eduardo Matos