Com a tendência demonstrada pela média de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por coronavírus, Porto Alegre registra um fôlego com o crescimento moderado de casos de covid-19. A situação, no entanto, ainda é de alerta por conta do impacto da flexibilização das atividades na Capital, segundo avaliação do secretário de Saúde, Pablo Stürmer, nesta quarta-feira (19).
— (Estou) Realista e otimista ao mesmo tempo. O realismo deve nos pautar, temos vontade que a pandemia passe logo, mas temos de nos basear nos dados. Foram estes dados que nos permitiram fazer a flexibilização — afirmou o secretário, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
— No início de junho, apontava para um cenário de aceleração. Quando chegam muitos casos, a chance de desassistência é maior. Precisamos monitorar, para que ninguém evolua a um estado de óbito por causa de desassistência — completou.
O painel de monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde indicava 333 pacientes confirmados com covid-19 em UTIs às 9h desta desta quarta-feira, uma taxa de ocupação de 88,3%. Em junho, o cenário era de recordes seguidos de pacientes internados, um dos fatores que motivou a decisão das novas medidas impostas pela prefeitura no combate à pandemia naquele momento.
Com o declínio no número de casos ganhando contorno no final de julho, Porto Alegre chega a metade de agosto com o funcionamento de lojas entre segunda e quinta-feira. Stürmer acredita que seria possível permitir o funcionamento do comércio por mais dias da semana, mas depende da resposta do governo do Estado, com relação ao que estabelece o distanciamento controlado.
— Não existe um setor que seja culpado pelo agravamento do vírus. Quando falo em maio e junho, foi a soma dos mais diferentes setores aumentando a circulação na cidade — afirma Stürmer.
Se uma maior circulação de pessoas não vier acompanhada de cuidados como distanciamento social, higiene e uso correto de máscaras, pode voltar a ocorrer um crescimento mais intenso nas hospitalizações. Segundo o secretário, "tudo isso vai nos dizer como será setembro", não há projeção de novos decretos.
Volta às aulas
Indagado sobre a volta às aulas nas escolas municipais, Stürmer avaliou ser "difícil pensar nas próximas duas semanas ou ainda no mês de agosto a retomada". O secretário adiantou, contudo, que o retorno não deve levar em conta o modelo público ou privado:
— A gente tem como principal diretriz diferenciar por faixa etária e série, do que por setor privado e público. Dentro da realidade, não temos identificado que essas diferenças tenham impacto tão significativo. Mas isso ainda está em discussão.
— Se a gente tiver as condições epidemiológicas, vamos colocar em pauta em breve.