A conclusão de mais uma etapa da pesquisa Epicovid19 mostrou que a prevalência do coronavírus na população gaúcha dobrou em relação ao último resultado.
A estimativa é de que 108,7 mil pessoas já tenham sido infectadas. Na fase anterior, o dado era de 53 mil contaminados. O estudo, coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), indica que um a cada 104 habitantes contraiu a doença. Pelos dados oficiais da secretaria Estadual de Saúde, o Rio Grande do Sul tem 62,3 mil casos de covid-19 confirmados.
A constatação de que a prevalência dobrou fez com que os pesquisadores reduzissem o prazo para a nova etapa da pesquisa, que ocorrerá em três semanas. Também chamou a atenção nesta etapa a prevalência do vírus em Porto Alegre: dos 43 testes com resultado positivo, 18 são da Capital, ou seja, 3,6% das 500 pessoas testadas estavam contaminadas. Na rodada anterior, dos 21 testes positivos, apenas dois eram Porto Alegre.
Os dados da sexta etapa da pesquisa foram apresentados na tarde desta quarta-feira (29) pela coordenadora do Comitê de Dados do governo, Leany Lemos, e pelo epidemiologista da UFPel, Fernando Barros. Os dados rotineiramente são divulgados pelo próprio governador Eduardo Leite, mas ele está com atividades restritas para se recuperar da contaminação pelo coronavírus.
O coordenador da pesquisa e reitor da UFPel, Pedro Hallal, faz um alerta:
— A epidemia chegou de vez no Estado, especialmente na Capital e na Região Metropolitana. Precisamos agir rápido para evitar o colapso do sistema de saúde. Distanciamento social e ampliação da testagem devem ser as prioridades.
Mais uma vez, estão entre as recomendações dos pesquisadores na conclusão do trabalho o aumento da testagem e da busca ativa, além do reforço de medidas de distanciamento em Porto Alegre, Região Metropolitana e Passo Fundo. Os novos resultados mostram que a taxa de letalidade, com base nos casos estimados, é de 1,4%, enquanto que, se considerados os casos notificados, a taxa fica em 2,6%.
Sobre a previsão para diminuição da curva no Estado, o professor Barros afirmou:
_ Não tem como saber. Depende das pessoas e do vírus. Quanto mais afastadas as pessoas ficarem , menor será a taxa de reprodução da doença.
Comparando os dados de distanciamento social desta fase com a primeira etapa, feita em abril, o resultado mostra a maior alteração em relação às pessoas que declaram estarem sempre em casa: caiu de 21,1% para 12,6%. O dado sobre quem diz sair diariamente aumentou de 20,6% para 33,3%. Os entrevistados que dizem só sair para atividades essenciais passaram de 58,3% para 54,1%.
Sobre a transmissão domiciliar, entre pessoas que moram na mesma casa, a conclusão, levando em conta as seis fases, é de que 26% dos familiares testados tiveram resultado positivo. Isso mostra que a transmissão domiciliar não é tão automática como pesquisadores imaginavam inicialmente.
Os dados da sexta etapa foram coletados entre 24 e 26 de julho em nove municípios. A Epicovid19 tem mais duas etapas previstas, cujos testes e entrevistas ocorrerão entre 15 e 17 de agosto e 12 e 14 de setembro.
Na sexta etapa, os entrevistadores encontraram dificuldade para ingressar em residências em algumas cidades, especialmente na Capital, porque a população confundiu o estudo estadual com o nacional, cujo término havia sido anunciado.