Os testes da vacina chinesa contra o coronavírus, conhecida como CoronaVac, devem começar na primeira semana de agosto em Porto Alegre. A pesquisa será feita por meio de um convênio entre o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, com o Hospital São Lucas da PUCRS.
A informação foi confirmada pelo líder do estudo e chefe do Serviço de Infectologia do hospital, Fabiano Ramos, após a chegada, nesta segunda-feira (20), de 20 mil doses da CoronaVac ao Brasil. As inscrições para participar da pesquisa no Rio Grande do Sul, no entanto, ainda não começaram.
— Sabemos que tem muitas pessoas interessadas em participar, mas as inscrições só podem ser abertas depois que o comitê de ética do hospital liberar. Porém, o comitê está enfrentando dificuldades ao acessar a Plataforma Brasil, base nacional de registros de pesquisas envolvendo seres humanos — informou.
Ramos avalia que até terça-feira (21) o sistema esteja normalizado. Além do São Lucas, 11 instituições de outros cinco Estados integram a pesquisa, que terá, ao todo, 9 mil voluntários — cerca de 800 somente em Porto Alegre.
O hospital estima conseguir aplicar a vacina em 30 a 40 voluntários por dia, sendo que metade receberá o medicamento e metade o placebo, que não induz a produção dos anticorpos. A eficácia será atestada na comparação entre os dois grupos. Em uma coletiva de imprensa no começo desta tarde, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que os testes começam nesta terça-feira na capital paulista.
— Um grande dia para a ciência brasileira. Dia de esperança para milhões de brasileiros. Se tivermos sucesso, como esperamos ter, a vacina será produzida no Instituto Butantan já no início do próximo ano. A vacina será destinada a todos os brasileiros, não apenas aqueles que são de São Paulo — disse o governador.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse acreditar que o Brasil está em uma posição de expectativa não só para os brasileiros, mas para o mundo. O diretor apresentou um kit que será entregue para cada voluntário. Trata-se de um caderno com informações, orientações e anotações sobre as reações ao medicamento.
— Podemos ter aqui a primeira vacina a ser usada em massa. E essa perspectiva, em termos temporais, é muito favorável. Se esse estudo for concluído até o final deste ano, e é uma expectativa real, podemos ter essa vacina disponível para a população brasileira no início do próximo ano — afirmou.
Considerada uma das mais promissoras contra a covid-19, a vacina é produzida a partir da introdução do coronavírus em uma célula de macaco. Depois, o vírus é inativado, para ser reconhecido pelo organismo e provocar o desenvolvimento de anticorpos. Porém, sem causar a doença.
A CoronaVac é produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e já está na fase três, a última de testagem antes da liberação para produção. As duas primeiras, em grupos menores, foram feitas na China.