Diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan destacou, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (12), o quadro da pandemia no Brasil. Questionado sobre sugestão recente do presidente Jair Bolsonaro de que seguidores deveriam entrar em hospitais para verificar a taxa de ocupação, Ryan não comentou a fala do líder, mas voltou a dizer que a situação "preocupa" e que os números de novos casos e de mortes "continuam a ser altos" em solo brasileiro.
Ele disse que a OMS e seu braço regional têm monitorado os casos diários no Brasil, inclusive a taxa de ocupação das UTIs.
— Na maioria das regiões, a taxa está abaixo de 80% — apontou, mas também advertiu: — É evidente que algumas áreas no Brasil enfrentam grande pressão sobre seus sistemas de cuidados intensivos.
Ele lembrou que há diferentes níveis de infecção em diferentes partes do país, mencionando o Estado do Amazonas como uma área que mereceu destaque recente pelo avanço da doença.
— Claramente, o sistema de saúde (do Brasil) precisa de apoio significativo para lidar com a situação — recomendou.
Escalada em nível global
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para o fato de que a entidade continua a ver "uma escalada na pandemia em nível global". Ele comentou que a covid-19 "acelera em países de renda baixa e média", o que deixa a OMS "especialmente preocupada sobre o impacto em pessoas que já lutam com o acesso a serviços de saúde – muitas vezes mulheres, crianças e adolescentes".
De acordo com a OMS, as crianças têm um risco "relativamente baixo" de desenvolver quadros graves da doença. Elas, porém, transmitem a doença e por isso precisam igualmente respeitar medidas de controle, como quarentenas e uso de máscaras, notou a autoridade.
Ghebreyesus afirmou ainda que as mães com suspeita de covid-19 ou mesmo confirmação da doença devem continuar a amamentar, a menos que estejam com quadro grave.
Ele também falou da preocupação na OMS sobre o impacto da pandemia em adolescentes e jovens adultos, com riscos como os de aumento nos casos de depressão.