Em conferência de imprensa virtual realizada nesta terça-feira (9), Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças transmissíveis da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), disse que a entidade, assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS), continuara trabalhando com o Brasil no combate ao coronavírus apesar do que chamou de "a coisa política".
— A organização continuará trabalhando com o Brasil. Estamos capacitando profissionais de saúde em Manaus e em outras áreas. O Brasil tem uma história de cooperação com a OMS e a Opas. Além de um sistema de saúde único, uma joia. Acreditamos que, independentemente da coisa política, nós continuaremos apoiando o Brasil — disse.
Na última sexta (5), o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil poderia deixar a OMS caso organização não deixe de ser uma entidade "política e partidária".
— Adianto aqui: os EUA saíram da OMS, a gente estuda no futuro. Ou a OMS trabalha sem o viés ideológico ou a gente está fora também. Não precisamos de gente lá de fora dar palpite na saúde aqui dentro — disse. — Ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política e partidária ou nós estudamos sair de lá — acrescentou Bolsonaro na ocasião.
Vírus continua a se disseminar agressivamente no Brasil, Peru e Chile
Na mesma coletiva de imprensa, Carissa Etienne, diretora da Opas, destacou o Brasil como um foco de preocupação da entidade na pandemia da covid-19.
— Infelizmente, muitas áreas estão reportando crescimento exponencial de casos e mortes. Estamos preocupados com dados segundo os quais o vírus está explodindo em novos casos, que antes tinham poucos casos — comentou, citando parte do México e a Costa Rica como exemplos, para complementar em seguida: — Na América do Sul, o vírus continua a se disseminar de modo agressivo no Brasil, no Peru e no Chile.
Etienne falou que, até 8 de junho, mais de 3,3 milhões de casos da doença foram reportados nas Américas, "mais do que em qualquer outra região do mundo". Segundo ela, a região conta agora com quase a metade dos casos da doença.
A autoridade ainda alertou para a questão climática, que pode representar um desafio extra nos próximos meses, ao lembrar que no inverno há maior disseminação de infecções respiratórias em geral. Segundo ela, não se sabe ainda se isso ocorre no caso do coronavírus.
Etienne pediu ainda que os países trabalhem para reforçar seus sistemas de saúde, a fim de lidar com essa "temporada de ameaças", notando que a pandemia está levando a região "ao limite".
De acordo com ela, é preciso deixar divergências políticas e ideológicas de lado, a fim de conseguir esse objetivo. Como exemplo disso, citou um acordo assinado na Venezuela para reforçar o combate à doença, que "foi facilitado pela Opas". Ela viu o acordo como "um passo importante" e reafirmou o compromisso da Opas a servir o povo venezuelano, dizendo que o pacto ajudará para a entrega dessa ajuda.