Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quarta-feira (24), o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, detalhou o trabalho de enfrentamento à pandemia no Hospital Conceição, uma das referências no atendimento à covid-19 no Estado.
Nesta manhã, 27 pacientes estão hospitalizados nos 29 leitos da UTI reservada ao coronavírus no Conceição, um índice de ocupação para 93,1%. Assim como registrado em outras instituições da Capital, o trabalho para a expansão da unidade tem de ser conciliado com o aumento da demanda por vagas e a carência de médicos intensivistas.
— No Hospital Conceição, antes da pandemia, o número de leitos da UTI era de 59. O que fizemos foi dividir. Porque na UTI (destinada a pacientes com covid) tem salas separadas, boxes separados, salas que permitem que profissionais se paramentarem com EPIs adequados e, obviamente, por muitos desses pacientes estarem com covid, a transmissão se torna maior. Não podemos simplesmente abrir leitos em enfermarias porque a possibilidade de infectar os profissionais de saúde é maior. Então temos essas áreas destinadas —explica Oliveira.
Uma ala, chamada de "ala 2", está sendo preparada no Conceição, de acordo com diretor-presidente do GHC, para a atendimento de pacientes com coronavírus. Com todas as especificações citadas por Oliveira, a expectativa é que novo espaço esteja disponível até o final desta semana. Serão disponibilizados mais 16 leitos, aumentando a capacidade de oferta para 45.
Contudo, ao passo que novos leitos são disponibilizados, aumenta a necessidade de médicos intensivistas. A dificuldade de encontrar profissionais para vagas temporárias acarreta em um empenho coletivo para dar continuidade ao atendimento:
— Estamos fazendo essas contratações na medida que as áreas necessitam. E para atender esses leitos a mais, fizemos um esforço sobre-humano porque não estamos conseguindo médicos intensivistas. Fizemos um processo seletivo em maio, que deve estar sendo homologado, e faremos imediatamente o chamamento de profissionais aprovados — relata o gestor.
Na terça-feira (23), o diretor médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Milton Berger, afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que o hospital também enfrenta dificuldades para contratação de médicos intensivistas. Esse é um dos dilemas para o enfrentamento da pandemia na área da saúde Capital, que registra sucessivo aumento de internações por coronavírus nas UTIs.
Verificado diariamente ao longo das últimas duas semanas, esse crescimento na demanda de leitos de terapia intensiva levou a prefeitura da Capital a discutir novamente medidas de distanciamento social.