As ruas do Rio Grande do Sul estão cada dia mais movimentadas. Na última quinta-feira (7), apenas 40,86% dos gaúchos permaneceram em suas casas, de acordo com monitoramento da empresa In Loco. O percentual coloca o Estado na 20ª posição do ranking de distanciamento social do país, medido diariamente pelos celulares da população.
A lista é liderada por Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, com índices superiores a 49%. Nestes locais, as medidas de isolamento seguem mais rigorosas devido ao crescimento progressivo do contágio e ao esgotamento das redes de saúde – nos Estados do Norte, foram impostos inclusive lockdowns.
Pela pesquisa da In Loco, o percentual de distanciamento social entre os gaúchos tem se mantido próximo dos 40% nos dias úteis, subindo para 50% nos finais de semana. O pico foi atingido há quase dois meses, em um domingo, 22 de março, quando 69,5% da população respeitou a "quarentena".
O recuo dos índices entre os gaúchos está relacionado ao retorno gradual de atividades que haviam sido suspensas pelo governo estadual e pelas prefeituras. Em Porto Alegre, por exemplo, a reabertura de estabelecimentos de pequeno porte foi autorizada na última terça-feira (5), e a retomada da construção civil e da indústria, há duas semanas.
Outra razão para o relaxamento está no controle do contágio. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul era o 16º Estado em número de casos de covid-19 no início da tarde desta sexta-feira (8), com 2.129 diagnósticos.
Neste sábado (9), o governador Eduardo Leite publicará o decreto estabelecendo o distanciamento controlado. A medida permitirá a abertura ou o fechamento de atividades em regiões classificadas por bandeiras levando em conta critérios como a disseminação do coronavírus e a taxa de ocupação de leitos de UTI.
— Esta adesão ao distanciamento social é um reflexo da situação do Rio Grande do Sul, que teve um bom desempenho no controle da disseminação do coronavírus. Por isso, estamos migrando para o distanciamento controlado, monitorando cidade por cidade para que tenhamos o distanciamento necessário, no local e no momento necessário, e para não impor o efeito colateral da perda de empregos além do necessário — disse Leite, em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta sexta-feira.
A retomada de atividades, contudo, precisa acompanhar medidas de prevenção pela população, afirma Fabiano Ramos, chefe do serviço de infectologia do Hospital São Lucas da PUCRS. O médico sublinha que, pela ausência de vacina e tratamento para a covid-19, o distanciamento social segue sendo o método mais eficaz para o controle da pandemia.
— No Estado, o período de isolamento permitiu que nos organizássemos para o atendimento de pacientes, aumentando a possibilidade de diagnósticos e melhorando a estrutura dos hospitais. Neste momento, a flexibilização do distanciamento está acompanhada do baixo número de casos na comparação com outros locais, mas o controle do contágio dependerá do comportamento das pessoas. Não podemos retornar à antiga normalidade — alerta Ramos.
Dentre as recomendações, o infectologista menciona o uso máscaras, a constante higienização das mãos e a manutenção de distância de dois metros das pessoas.
O mapeamento da In Loco tem orientado o governo Leite na determinação de medidas restritivas, além de outros Estados, como Minas Gerais e Santa Catarina. Em sua base de dados, a companhia monitora 60 milhões de celulares no país que têm instalados aplicativos de empresas parceiras, principalmente de grandes redes de varejo. O acompanhamento coleta apenas a localidade do aparelho, pelo GPS, Bluetooth e Wi-Fi, preservando os demais dados do usuário.
Índice de distanciamento social por Estado
Dados de 7 de maio de 2020
- Rio de Janeiro 49,19%
- Maranhão 49,15%
- Pará 49,03%
- Amapá 48,83%
- Amazonas 47,94%
- Ceará 47,67%
- Acre 46,44%
- Pernambuco 46,21%
- Piauí 44,56%
- Alagoas 43,99%
- São Paulo 43,78%
- Paraíba 43,47%
- Distrito Federal 42,88%
- Sergipe 42,87%
- Rondônia 42,44%
- Bahia 41,66%
- Espírito Santo 41,56%
- Rio Grande do Norte 41,22%
- Roraima 40,92%
- Rio Grande do Sul 40,86%
- Minas Gerais 40,27%
- Mato Grosso 39,51%
- Paraná 39,43%
- Santa Catarina 39,2%
- Mato Grosso do Sul 39,03%
- Goiás 37,73%
- Tocantins 37,62%
Fonte: In Loco