O programa Gaúcha+ desta sexta-feira (17) recebeu o médico porto-alegrense Stephen Stefani, amigo pessoal do novo ministro da Saúde, Nelson Teich. Ambos oncologistas, eles se aproximaram pelo envolvimento em pesquisas sobre economia da saúde. Para o gaúcho, a nomeação de Teich pelo presidente Jair Bolsonaro, na tarde de quinta, não foi surpresa.
— Ele já vinha participando da elaboração de políticas de saúde desde a campanha eleitoral. Naquele momento, ele foi cogitado para o cargo e, agora, parece compor uma necessidade muito técnica, com uma atuação médica e cientifica que não tem essa veia política, como vinha acontecendo — afirmou.
O perfil não político do novo ministro é positivo para o enfrentamento da crise do coronavírus no Brasil, segundo Stefani:
— O fato de ele não ter nenhuma vontade de ser político, não estar buscando nenhum cargo, ele não está buscando votos, ele está buscando tomar decisões com amparo cientifico, blinda-o da necessidade de agradar discursos. Ele está muito preocupado em salvar vidas. Acho pouco provável que o vejamos em coletiva diariamente, apenas em momentos complexos ou delicados, quando se vai adotar medidas operacionais.
Stefani diz que o ministro é muito reconhecido no meio médico pela sua atuação assistencial no Centro de Oncologia Integrado (COI), no Rio de Janeiro, prestigiado pela qualidade, e na ligação com pesquisas em economia da saúde. Com formação na Inglaterra, país que também tem um sistema nacional de saúde, Teich consegue, segundo o amigo, otimizar recursos públicos de forma sábia.
— Seria ideal garantir que todas as pessoas voltassem a trabalhar e se protegessem do vírus, mas não tem como compor uma solução para todo mundo ao mesmo tempo. Ele consegue estabelecer essa meta com matrizes científicas objetivas, ao começar medindo o ambiente e testagem — observou.
Na opinião do médico gaúcho, é preciso calibrar as medidas de acordo com as regiões do país para evitar a lotação do sistema de saúde e garantir o atendimento de todos, inclusive de quem tem outras doenças.
— Talvez, tenhamos que liberar agora e apertar mais tarde (a abertura da economia). Achatar a curva garante que o pico demore a acontecer, mas nada garante que não tenha outro pico.
A respeito do tratamento da doença, Stefani reitera que o vírus é uma novidade e que, no momento, não se tem testes que garantam a efetividade de algum medicamento.
— Temos que entender a expectativa real de cada medicamento. Existe uma série de alternativas com diferentes propostas, mas sendo realista nenhuma delas é milagrosa, seria uma desonestidade intelectual afirmar isso. É difícil medir exatamente o quanto cada medicamento fez para que o paciente deixasse de evoluir para uma situação grave, o quanto ele não fez diferença nenhuma e, eventualmente, o quanto ele aumentou o risco, pela toxicidade ou por acelerar a evolução da doença. Só vamos ter respostas quando pudermos fazer os testes pertinentes — finalizou.