Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, o médico Nelson Teich é um ferrenho defensor do distanciamento social como principal medida de prevenção ao coronavírus. Oncologista formado em 1980 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Teich foi recebido em audiência pelo presidente no Palácio do Planalto. Mandetta foi comunicado de sua demissão em reunião com Bolsonaro.
A visão do novo ministro sobre o enfrentamento da pandemia está mais alinhada com a do antecessor do que com a do novo chefe. A relação entre Teich e Bolsonaro, contudo, tende a ser amistosa, diferente da atual troca de provocações diárias que antagoniza Mandetta e o presidente.
A escolha de Teich não foi aleatória. O médico se aproximou de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 e chegou a atuar como consultor da área de saúde do então candidato. Passada a vitória nas urnas, chegou a se reunir com Bolsonaro no quartel-general da transição, levado pelo timoneiro econômico da equipe, Paulo Guedes.
A visita motivou especulações de que Teich poderia ser o escolhido para o ministério. Na ocasião, porém, o presidente acatou a indicação do recém-eleito governador de Goiás, Ronaldo Caiado, seu aliado político e padrinho da nomeação de Mandetta.
Embora tenha sido preterido, Teich colaborou com o governo. Por pelo menos cinco meses, entre setembro do ano passado e janeiro de 2020, ele atuou como consultor do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna. Eles também foram sócios em uma fundação chamada MDI Instituto de Educação e Pesquisa.
Nascido no Rio, Nelson Luiz Sperle Teich começou a carreira no Hospital da Vila Residencial de Praia Brava, onde trabalhou por quatro anos. Logo em seguida, fundou sua própria empresa, a Clínicas Oncológicas Integradas (COI), hoje um conglomerado especializado em tratamento do câncer que conta com 18 centros de excelência, sendo sete no Rio, 10 em São Paulo e um em Pernambuco.
Com especializações em ciências médicas e econômicas por universidades renomadas como Harvard, nos Estados Unidos, e York, no Reino Unido, Teich entende que a dicotomia entre saúde e economia no atual debate político é “desastrosa porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas”. Em artigo publicado no início do mês na plataforma Linkedin, ele defendeu o distanciamento como forma de ganhar tempo e “entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país", em discurso muito semelhante ao de Mandetta.