O impacto do coronavírus na população gaúcha poderá ser conhecido nesta semana a partir de um levantamento inédito coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Agentes irão realizar até 4,5 mil testes rápidos para estimar a proporção de casos de infecção pela covid-19 no Estado.
O estudo, porém, ainda enfrenta desconfiança de parte da população, conforme alertou Pedro Curi Hallal, reitor da insitutição, nesta segunda-feira (13):
— Em especial condomínios e prédios nas regiões mais ricas. A equipe tem dificuldade de ingressar nesses locais. A gente pede que as pessoas tenham sensibilidade para abrir a porta para nossos entrevistadores, claro que depois de checar identificação. Mas é importante para que a gente consiga ter os testes realizados e que a gente possa apresentar os dados desta primeira fase, que posso garantir que serão absolutamente chocantes — afirmou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
O primeiro levantamento está sendo feito em nove cidades: Pelotas, Santa Maria, Santa Cruz, Uruguaiana, Passo Fundo, Ijuí, Caxias do Sul, Canoas e Porto Alegre.
– Em todos os bairros dessas cidades, então não há um ponto único, é uma coleta espalhada. O importante é que a população tenha tranquilidade para colaborar –frisou.
Conforme Hallal, "os pesquisadores utilizam carro próprio, adesivado, que indica o nome da UFPEL. O entrevistador vai chegar, se apresentar e se identificar".
– Mas se a família ficar com receio, pode entrar em contato com as forças de segurança da sua cidade, e ela receberá todas as informações – pontuou.
Ouça a entrevista completa:
A pesquisa é realizada com testes de coronavírus, cedidos pelo Ministério da Saúde. De um lote de 48,9 mil, 20 mil exames foram destinados a UFPel, dos quais 3,5 mil já foram realizados nesta primeira fase de aplicação. A expectativa é de que esse número chegue a 4,5 mil até a apresentação dos dados, prevista para ocorrer entre terça (14) e quarta-feira (15), com a presença do governador Eduardo Leite.
— A gente vai divulgar com muita brevidade, mas precisa de checagem. Algumas coisas, que a gente já sabia que iria acontecer, nós sabemos que vai se confirmar. Talvez a mais importante de todas é quantos casos de verdade existe para cada caso confirmado — adiantou Hallal.
O estudo revelará qual o percentual de infectados no Estado, quão rápido a infecção está se alastrando, por meio da comparação ao longo do tempo, e qual a porção de infectados que não desenvolvem sintomas. A partir dessas informações, permitirá que seja calculada a letalidade real da doença, ou seja, saber, do total de pessoas que pega o vírus, quantas morrerão.