Item obrigatório em várias cidades brasileiras e indispensável para a prevenção da covid-19, as máscaras de tecido destinadas à população em geral passarão a ter a partir desta quarta (29) um manual de confecção desenvolvido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
O órgão definiu as especificações técnicas para que o protetor possa ser fabricado em larga escala pela indústria, por produtores artesanais, além de confecções domésticas. O manual apresenta indicações para confecção, uso, higienização e descarte. O guia completo pode ser baixado clicando aqui.
— Como tem sido bastante recomendado (o uso de máscaras) e não havia nenhuma norma para as máscaras de uso não cirúrgico, nós levamos 20 dias para fazer um documento com as normas práticas baseado em um manual europeu — afirmou o presidente da ABNT, Mario William, à reportagem.
As especificações regulamentadas pela entidade são baseadas em normas editadas na Espanha e na França, segundo William, e contam com orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Tivemos uma reunião com a Anvisa ontem (segunda-feira, 27), e eles fizeram várias sugestões interessantes que foram incorporadas. A Anvisa vai recomendar que seja seguido essa norma da ABNT — disse Mario William.
De acordo com o documento, as máscaras devem proteger a boca, o nariz e o queixo e não devem possuir válvulas inspiratórias ou expiratórias. Na confecção, deve-se evitar o uso de tecidos como poliéster puro e outros sintéticos e dar preferência ao uso de tecidos que tenham pelos menos 90% de algodão na sua composição. O produto deve possuir três camadas: uma com tecido não impermeável na parte frontal, uma de tecido respirável no meio e uma de tecido de algodão na parte em contato com a superfície do rosto.
Também é importante evitar tecidos que retenham calor, leves e muito porosos. Também não é indicado usar grampos ou clipes no design das máscaras. As alças devem cercar a cabeça ou as orelhas e podem ser feitas com elásticos ou um laço de tecido, costurados ou soldados às máscaras.
Apesar do aumento na demanda destes insumos, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, afirma que não há risco de falta de matéria prima no mercado.
— Como nos últimos 20, 30 dias houve uma explosão (na procura de máscaras), nós temos um quadro em que se está ajustando a oferta e a demanda — explica. — Dentro dessa situação, o mercado tem a oferta, mas está regularizando esse fluxo de compra e venda, mas não há escassez de matéria prima, de tecido — diz.
Segundo Pimentel, mais de 100 empresas, de médio e grande porte, espalhadas por todo o país, estão se preparando para produções em larga escala.
As máscaras comercializadas para a população geral são reutilizáveis. A ABNT, contudo, definiu normas para garantir a integridade do produto durante o seu período de validade. Cada usuário não deve utilizar a mesma proteção por mais de três horas. Ao retirar as máscaras do rosto, deve-se manusear tocando apenas nas alças. Na higienização, é recomendável colocá-las para lavar em máquinas em um ciclo de 30 minutos, sem utilizar amaciantes.
A ABTN também recomenda evitar colocar as máscaras para lavar junto com outras roupas. O ideal seria usar tecidos velhos e inutilizados (como lençóis e toalhas) para completar a carga necessária para o ciclo eficiente de lavagem nas máquinas. Há, ainda, a opção de lavagem em um recipiente com água potável e água sanitária, deixando de molho por 30 minutos. Após o tempo de imersão, realizar o enxágue em água corrente duas vezes, sem torcer a máscara. Em média, a qualidade do material da máscara deve resistir a 30 ciclos de lavagem.
Ao fazer a secagem ao ar livre, deve-se embalar as máscaras em embalagens de tecido, que também tenha sido devidamente higienizados, garantindo que elas não apresentem contato direto com o ar.
O descarte das máscaras que estejam desgastadas deve ser feito em embalagens duplas para evitar que o risco de uma ruptura da primeira embalagem possa expor a máscara novamente.