Os Estados Unidos declararam estado de emergência nacional na tarde desta sexta-feira (13) devido à crise do novo coronavírus. A medida, que pode ser aplicada somente por presidentes, permite ao Executivo usar US$ 50 bilhões (cerca de R$ 242 bilhões) alocados para combater a pandemia. O dinheiro pode ser usado para construção de instalações médicas, transporte de pacientes e distribuição de kits de emergência.
O presidente também prometeu um aumento acentuado nas capacidades de exames para detectar o novo vírus nos EUA, inclusive com parcerias com o setor privado para ampliar os testas. Nos EUA, há até o momento 1.920 casos confirmados e 41 mortes registradas.
A presidente do Senado, Nancy Pelosi, afirmou na quarta (11) que a Casa vai aprovar uma lei que vai fornecer testes gratuitos de coronavírus para as famílias americanas, incluindo quem não tem seguro de saúde.
O anúncio nesta sexta-feira mostra mais uma reação concreta de Donald Trump à disseminação do coronavírus.
Na quarta, restringiu a entrada de viajantes vindos da Europa, decisão considerada uma guinada brusca para corrigir a rota da resposta à pandemia pelo governo norte-americano, criticado por ter feito pouco caso quando soaram os primeiros alarmes.
A administração de Trump é acusada de ter desmontado aparatos de emergência, desacreditado cientistas que trabalhavam para o governo e motivado, assim, uma fuga de cérebros — uma situação que torna mais difícil, hoje, a contenção da crise.
A estimativa é de que ao menos 1,6 mil cientistas tenham deixado as agências públicas durante os dois primeiros anos do governo do republicano.
Há anos, cientistas alertam para a possibilidade de uma epidemia de tamanhas dimensões. Tanto que, em 2014, depois da crise do ebola, o então presidente americano Barack Obama criou um time de segurança nacional na Casa Branca para lidar com o risco de epidemias. Essa equipe, no entanto, foi eliminada em 2018 pela administração Trump.
Por fim, o que seria apenas uma reunião diplomática com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no resort do americano em Mar-a-Lago, no sábado (7), tornou-se a possibilidade de o líder americano ser portador de coronavírus, pois o secretário de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten, que estava na comitiva brasileira, teve confirmado o diagnóstico de coronavírus na quinta-feira (12).
A notícia alarmou diversas autoridades brasileiras e americanas que tiveram contato com ele durante a visita de Bolsonaro à Flórida. A Casa Branca anunciou nesta quinta que não há necessidade de Trump, 73, e o vice, Mike Pence, 60, fazerem o teste para saberem se estão contaminados.
Judith Wasserheit, professora de medicina na Universidade de Washington, em Seattle, em entrevista ao New York Times, porém, discorda da decisão.
— Devido às funções importantes que o presidente e o vice-presidente desempenham, seria sensato ter uma tolerância para realizar testes, independentemente do status dos sintomas — diz ela.
O presidente brasileiro, por sua vez, anunciou nesta sexta que seu teste para o coronavírus deu negativo.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA já havia declarado a covid-19 uma emergência de saúde no final de janeiro, mas a medida foi tomada com base em outra lei. A norma permite que restrições sejam impostas a pessoas que chegam ao país vindas da China, por exemplo.
Além disso, diversos Estados declararam emergência, o que permitiu a criação de zonas de confinamento, como uma de pouco mais de 1 km em New Rochelle, em Nova York, um dos focos do vírus no país. Nos EUA, há até o momento 1.920 casos confirmados e 41 mortes registradas.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins: