SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Donald Trump afirmou que vai suspender por 30 dias, a partir de sexta-feira (13), todas as viagens da Europa (com exceção do Reino Unido) que tenham os EUA como destino a fim de restringir o espalhamento do novo coronavírus.
O presidente americano falou à nação em discurso na noite desta quarta (11). Ele afirmou que são medidas duras, porém necessárias para evitar o surgimento de novos focos do que ele chamou de "infeção horrível" no país. Trump disse que a Europa falhou em restringir as viagens da China.
"Com medidas rápidas nós tivemos números de casos do vírus dramaticamente menores nos EUA do que há hoje na Europa. A União Europeia falhou em tomar as mesmas medidas de restrição de viagens vindas da China e outros hotspots. Como resultado, um número grande de novos clusters nos EUA foram resultado de viajantes da Europa", declarou.
O presidente americano também afirmou que os EUA monitoram as situações da China e da Coreia do Sul e, conforme haja evolução dos quadros internos desses países, as restrições aplicadas anteriormente serão reavaliadas.
Trump disse que as medidas podem ser reavaliadas no futuro e reforçou a necessidade de a população manter os hábitos de higiene.
Em conversa que diz ter tido com representantes do setor de saúde, ficou acordado que os pagamentos adicionais aos planos de saúde (copayements) devido ao novo coronavírus serão desconsiderados. Além disso, disse que o governo vai tomar medidas para agilizar a liberação de tratamentos antivirais, a fim de reduzir o impacto do vírus. Também serão suspensos alguns impostos federais para empresas e
"Nós estamos juntos nessa, precisamos colocar a política e os partidos de lado", disse. O país contabiliza até o momento mais de 1.200 casos da doença e pelo menos 37 mortes.
As medidas propostas não se aplicarão ao Reino Unido.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu, nesta quarta, declarar que há uma pandemia do novo coronavírus em curso no mundo com a sua disseminação por mais de cem países, em todos os continentes.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que declarar pandemia não significa que a situação está fora de controle nem que mundo deva abandonar as medidas de contenção e passar a pensar em mitigação. Pelo contrário: ele pediu ações mais agressivas.
Segundo a tabulação da Universidade Johns Hopkins, até a noite desta quarta, havia mais de 125 mil casos confirmado de covid-19 em todo o mundo, com mais de 4.600 mortes.
O patógeno também já afetou a corrida pelo posto de candidato democrata à presidência dos EUA. Na terça (10) os pré-candidatos Bernie Sanders e Joe Biden suspenderam eventos de suas campanhas em Cleveland, no estado de Ohio.
Os democratas estão na expectativa pelos resultados das primárias que ocorrem em seis estados americanos nesta terça. Ambos estão na corrida para a nomeação do candidato que vai concorrer contra o republicano Donald Trump nas eleições de novembro.
"Devido à preocupação com a saúde pública e a segurança, estamos cancelando o comício de hoje à noite em Cleveland", disse Mike Casca, um porta-voz da campanha do senador progressista Sanders.
Diversas universidades dos Estados Unidos começaram a cancelar suas aulas presenciais por causa do surto do novo cononavírus no país, como Harvard e Princeton.
A Universidade Harvard terá apenas aulas online a partir da volta das férias de primavera, que ocorrem de 14 a 22 de março. Até o final do semestre, que termina em maio, as aulas presenciais estão canceladas.
Na última semana, a Universidade de Washington migrou seus 50 mil estudantes totalmente para cursos online. A Universidade Stanford disse que suas aulas não seriam presenciais.
A Universidade Columbia, em Nova York, cancelou as aulas de segunda e desta terça e disse que as que ocorreriam no resto da semana seriam ministradas remotamente. Também em Manhattan, a Universidade Yeshiva e a Hofstra University, em Long Island, cancelaram as aulas da semana.
Medida semelhante foi tomada pela Universidade de Princeton, que, a partir de 23 de março, as aulas seriam virtuais e que restringiria grandes reuniões no campus.
No último dia 3, Trump afirmou que está trabalhando com o Congresso americano para viabilizar um fundo emergencial de US$ 8,3 bilhões (R$ 38,1 bilhões) para acelerar a resposta do país ao coronavírus.
Em comentário sobre a decisão de corte de juros pelo Fed (equivalente ao Banco Central), em sua conta no Twitter, o presidente americano afirmou que o Fed
precisa se alinhar com outros países e pediu mais cortes de juros.
Em um movimento emergencial para limitar os riscos de desaceleração da economia dos EUA por conta do coronavírus, o Fed promoveu, nesta terça-feira (3), corte de 0,5 ponto percentual nos juros americanos, para um intervalo de 1% a 1,25%.
"O coronavírus e as medidas utilizadas para contê-lo vão, certamente, pesar na atividade econômica dos EUA e de outros países por algum tempo. Estamos começando a ver os efeitos nos setores de viagem e turismo e estamos ouvindo reclamações de indústrias que dependem de cadeias de suprimentos globais. A magnitude e a persistência dos efeitos econômicos ainda é altamente incerta", disse Jerome Powell, presidente do Fed.