Aos 78 anos, Nancy Pelosi tornou-se nesta quinta-feira a mulher mais poderosa dos Estados Unidos. Eleita para a presidência da Câmara dos Deputados americana, a Representative House, a democrata pode liderar um possível processo de impeachment do presidente Donald Trump. Seu cargo, nos Estados Unidos, é chamado de "speaker". Além de comandar a Câmara, ela é a líder da agora maioria democrata na Casa — no Senado, os republicanos seguem com a hegemonia na nova legislatura, inaugurada no dia 1º.
Nancy é uma veterana, conhece como poucos os caminhos do Capitólio. Entre 2007 e 2011, já exerceu o cargo de speaker. Mas os tempos eram outros, com os democratas na Casa Branca, entre 2008 e 2016.
Antes de pensar em qualquer processo de impeachment, porém, ela tem pela frente um desafio urgente: resolver o shutdown, a paralisia do governo por conta da queda de braço entre Executivo e Legislativo. Pano de fundo: a polêmica do muro na fronteira com o México. O governo não abre mão dos recursos para a construção da barreira, enquanto a oposição finca pé e tranca a pauta até que a Casa Branca recue da ideia.
Nancy encarna os piores pesadelos de Trump. Está acostumada a duelos. Durante a administração Barack Obama, por exemplo, ela foi fundamental para a reforma de saúde na Câmara, mesmo com ferrenha oposição. Até hoje, o projeto democrata, apelidado de Obamacare, é o mais polêmico da gestão Obama.
Mas o que realmente tira o sono de Trump é um tema que volta e meia aparece nos corredores acarpetados de Washington: a abertura do processo de impeachment. Nancy tem a chave para abrir a caixa de Pandora — pode levar adiante ou sepultar um julgamento político. Ela sempre se posicionou contrária ao impeachment, mas pode mudar de ideia diante de novas denúncias sobre o Russiagate (influência dos russos na eleição de 2016).
A democrata construiu sua carreira política em San Francisco, na Califórnia, embora tenha nascido em Baltimore (Maryland). Nancy abraça os valores mais progressistas do partido, como a proteção das minorias, causas LGBT e direito ao aborto. É mãe de cinco filhos e graduada pela Trinity College em Washington.
Além de terceira na linha de sucessão, após Trump e o vice, Mike Pence, Nancy torna-se agora a política mais forte para representar o partido que não tinha nomes competitivos para barrar a reeleição de Trump, em 2020.