O Brasil tem pelo menos 5.717 casos de coronavírus e 201 mortes por covid-19 confirmadas, segundo os números apresentados pelo Ministério da Saúde na tarde desta terça-feira (31). O dia registrou a maior quantidade de novos casos. Foram 1.138 novos pacientes em 24 horas.
A atualização diária ocorreu em coletiva de imprensa envolvendo Luiz Henrique Mandetta, Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública e Paulo Guedes, ministro da Economia.
Mandetta voltou a destacar a importância da ciência na tomada de decisões do ministério que comanda o combate à pandemia de coronavírus. Questionado sobre interpretações e mudanças nas medidas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde, ele citou as entidades que o respaldam.
— Se precisarmos fazer qualquer alteração, não será sem consultar o aspecto científico, sem consultar a academia. E aqui eu falo de Fiocruz, USP, universidades federais, um comitê de especialistas em saúde absolutamente fantástico. Estão todos debruçados nas determinantes sociais em saúde. E é em cima delas que vamos trabalhar — argumentou, e projetou:
— Nós vamos trabalhar com o máximo de planejamento. E vamos fazer sim o máximo de isolamento social e permanência em nossas residências. Até chegar o ponto de falar que estamos preparados e sabemos para onde vamos.
Foi registrado um número recorde de novos casos em um só dia. Nas últimas 24 horas, 1.138 contaminações se confirmaram. A taxa de letalidade foi mantida em 3,5%. Da segunda para a terça-feira, 42 novos óbitos foram contabilizados. Das 201 vítimas fatais de covid-19, 89% tinham 60 anos ou mais. A maioria (85%) sofria de algum problema cardíaco ou diabetes.
Para ilustrar a cautela necessária no momento, Mandetta trouxe versos do cantor e compositor Paulinho da Viola para sua resposta. O ministro leu um conselho que encontrou na canção Argumento:
— “Faça como um velho marinheiro, durante o nevoeiro leve o barco devagar”. É um mar revolto. Vamos passar na marcha certa. Nem tão parado que possa ser arrastado, nem tão acelerado que possa cair num cachoeira. Vamos todos com os números, que a gente pode achar um porto.
A mesma pergunta feita por repórter havia pedido a opinião dos demais ministros sobre o isolamento social. Guedes e Moro não responderam. O General Braga Netto, ministro da casa civil, que conduzia a coletiva, abriu o microfone e disse que todos na mesa concordavam com Mandetta.
Em sua fala inicial, o ministro Sergio Moro falou sobre o fechamento de fronteiras terrestres e aéreas, e destacou a sua confiança em relação a condição "relativamente segura" na qual se encontra o sistema prisional brasileiro.
— Há um ambiente de relativa segurança para o sistema prisional pela própria condição de os presos estarem isolados da sociedade. Por isso, tomamos medidas que evitem risco de contaminação dos presos como a própria suspensão de visitas.
Política econômica
O ministro Paulo Guedes abordou as, segundo ele, "difíceis" articulações políticas que atrasam a sanção da renda extra já aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado. O projeto está no senado e aguardando análise do governo federal.
— Estamos lidando com recursos públicos. Se fosse nosso, tirava do bolso e soltava em 30 minutos. Fazia um cheque. O problema não é esse. São recursos públicos. Isso mais tarde vira uma pedalada fiscal, vira impeachment, dizem que não foi autorizado dessa forma, que tinha licença do Supremo em decisão unilateral que depois foi retirada. Precisamos do apoio do Congresso — declarou.
Guedes revelou uma convocação feita em reunião com empresários brasileiros. Segundo o economista, donos de empresa estariam dispostos a promover testes de coronavírus comprados com o próprio dinheiro.
_ Este desafio foi lançado para as 500 maiores empresas do Brasil. Que testem seus funcionários. Prestem um serviço. Mostrem lealdade a seus próprios servidores. Isso está acontecendo, estão ajudando. A iniciativa privada está vindo e ajudando _ revelou.