Com o aumento do número de casos confirmados de coronavírus no Brasil — até o momento, foram contabilizadas cerca de 300 pessoas com a doença e foi confirmada a primeira morte pelo vírus no país —, governos, profissionais e organizações ligadas à saúde têm defendido e propagado medidas que podem vir a colaborar com o chamado "achatamento" da curva de crescimento de casos da nova pandemia. Uma expressão presente em todos os discursos é o distanciamento social.
Esta prática diz respeito a algumas atitudes que foram decretadas aqui no Rio Grande do Sul, como a suspensão de missas, de procissões e do início da catequese em Porto Alegre, a interrupção de visitas nos presídios, o cancelamento das aulas em 23 universidades e o cancelamento das aulas em escolas estaduais, entre outros exemplos. As medidas têm o intuito de evitar a aglomeração de muitas pessoas em um mesmo ambiente, explica Alexandre Schwarzbold, presidente da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia (SRGI).
— O conceito de distanciamento ou isolamento social surgiu com a gripe espanhola, em 1918, que foi uma grande epidemia de caráter pandêmico. É uma tática para afastar as pessoas umas das outras e evitar o convívio social de aglomeração. Essa é uma política de prevenção, que orienta as pessoas em relação aos cuidados com a saúde coletiva — diz Schwarzbold.
Ele ressalta também que o distanciamento difere da quarentena:
— Neste caso, é um decreto do governo, com caráter obrigatório. A quarentena implica na construção de um sistema de segurança para seu devido cumprimento e leva, até mesmo, à punição daqueles que não a obedecerem.
O presidente da SRGI pontua que a primeira estratégia contra o coronavírus é testar as pessoas para poder identificar quem está infectado. A segunda diz respeito ao distanciamento social, porque é ele que vai interromper a cadeia de transmissão da pandemia — afinal, a doença é transmitida de pessoa para pessoa por meio do contato com secreções, gotículas de saliva e objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
— Evitar o contato físico, como abraços, aperto de mão e beijos, e também aglomerações são atitudes simples, mas cruciais para a saúde pública, porque conseguiremos achatar a curva epidêmica. Isso fará com que o número de casos da doença seja menor, e o sistema de saúde não ficará sobrecarregado. Os países que deram a orientação para o distanciamento social achataram essa curva. No final, essa medida implicou em menor impacto econômico e menor exigência de recursos humanos nos hospitais — completa Schwarzbold.
Veja como colocar em prática o distanciamento social
- Evite ir a repartições públicas, bancos ou cartórios
- A população jovem deve deixar de lado a ida a bares, festas e shows, porque este grupo é o vetor da doença para os mais velhos
- Idosos precisam ter cuidado redobrado. O conselho é sair de casa somente em caso de necessidade e evitar contato próximo com terceiros
- Idosos e crianças dentro de um mesmo ambiente devem obedecer a política de distanciamento de 1,5 metro, evitar contato e não devem compartilhar copos e talheres
- Se possível, cancele viagens
- Quem puder, opte pelo home office. As empresas podem também escolher pela alternância de horários dos funcionários
- Consultas eletivas a médicos devem ser postergadas
- Proteger a boca e o nariz, com um lenço descartável ou com a parte interna do cotovelo, ao espirrar ou tossir
- Lavar as mãos com água e sabão ou com álcool gel